Movimento cobra retorno de obras do metrô na Brasilândia, em SP

Moradores do bairro da zona norte da capital se unem para pedir retomada da obra de R$ 9,6 bi, que mal começou em 2013 e foi postergada pelo governo do estado para 2021

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Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Ronaldo Lages (Agência Mural)  |  Postado em: 10 de setembro de 2018

Moradores debatem impasses da obra, parada há dois

Moradores debatem impasses da obra, parada há dois anos

créditos: Ronaldo Lages/Agência Mural/Folhapress

Com dois anos de paralisação nas obras da linha 6-Laranja, moradores da Brasilândia, na zona norte de São Paulo, criaram um movimento para cobrar a retomada do projeto: o “Metrô Brasilândia, já!”

O governo do estado começou a anular o contrato com a empresa responsável em março e deve abrir uma nova licitação. A linha ligará a região com mais de 264 mil habitantes à estação São Joaquim, no centro da capital.

Aluno de pedagogia e estagiário da área de educação, Fernando Ferreira dos Santos, de 35 anos, é um dos organizadores do comitê. “O movimento tem oito meses. Fizemos algumas reuniões, mas apenas agora começou a ganhar força”, afirma.

A ideia é levar a cobrança para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Orçada em R$ 9,6 bilhões, a obra começou em 2013 e teve apenas 15% da execução concluída. Deveria ser entregue em 2020. Recentemente, a previsão foi postergada para 2021.

Desapropriações

Enquanto o processo não avança, mudanças já ocorreram como as desapropriações de imóveis. Porém, os espaços ficaram vazios e têm causado reclamações de falta de segurança. “Desapropriaram os moradores e acabaram com o bairro, parece um cemitério grande e fechado por tapumes”, diz Suzimar de Moraes, morador do bairro.

Casa desapropriada em 2016, hoje num espaço abandonado. Foto: Ronaldo Lages/Agência

Para o auxiliar de manutenção predial Ricardo da Silva Muniz, o maior desejo de se ter uma linha de metrô é para desafogar o trânsito do distrito, além da superlotação dos ônibus. “Ajudaria muito no deslocamento. Sofro todos os dias, as lotações e os ônibus não dão conta por aqui”, reflete Muniz.

A professora Ana Paula Pascarelli dos Santos é diretora da Escola Estadual João Solimeo, situada em frente ao terreno desapropriado para a estação. A obra finalizada poderia ajudar especificamente os estudantes do ensino médio que já atuam no mercado de trabalho.

“O período noturno tem mais de 700 alunos. Muitos são trabalhadores e têm dificuldade de chegar aqui. O fato de terem que pegar duas ou três conduções todos os dias impacta muito no aprendizado”, analisa a professora.

Nova licitação

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) informou que está em andamento o processo de caducidade do contrato de concessão da linha 6-Laranja. A expectativa é que o processo termine este ano e seja aberta uma nova licitação. A previsão é que o contrato seja retomado no início de 2019.

A medida ocorreu após o descumprimento da última notificação, em fevereiro deste ano, enviada à concessionária Move São Paulo, que determinava a retomada das obras em 30 dias.

A Move alega dificuldades na obtenção de financiamento junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), especialmente após o envolvimento das empreiteiras brasileiras na Operação Lava Jato.

Segundo a STM, a empreiteira foi notificada em treze autos de infração para que retornasse às obras.

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