Rio Branco (AC) é a melhor cidade para pedalar, segundo levantamento publicado hoje (28) pelo portal G1. A capital acreana ostenta a maior proporção de vias destinadas a bicicletas em relação à malha viária total (13,4%) e ao número de habitantes (3.570 por km de via. Na outra ponta do ranking está a cidade de Manaus (AM), que tem apenas 0,85% de sua malha viária adequada à circulação das magrelas.
Segundo o levantamento, realizado pela equipe do programa “GloboNews em Movimento”, as capitais do país têm 3.291 km de vias destinadas a bicicletas, um aumento de 133% em quatro anos. O trabalho foi realizado com informações obtidas com as prefeituras de 26 capitais, mais o Governo do Distrito Federal. Os dados, porém, não revelam a falta de manutenção nas ciclovias existentes ou a descontinuidade entre elas, fato comum em várias cidades do país.
Mas mesmo com esse crescimento, a malha cicloviária corresponde a apenas 3,1% da malha viária total dos 27 municípios avaliados (107.144 km).
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Falta integração
Mas, para especialistas, é preciso mais vias cicláveis e maior integração com outros meios de transporte, como trens, metrôs, ônibus e barcas. Carlos Aranha, coordenador de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo, afirma que é preciso pensar em soluções intermodais. “Você pode percorrer parte do trajeto de bicicleta e depois pode carregar a bicicleta junto com você. Em São Paulo, a gente tem um horário extremamente reduzido para trens e metrô. São pouquíssimos ônibus que aceitam a bicicleta. Na prática, é um serviço que você ainda não pode contar. Então, o poder público pode estimular o uso da bicicleta, e a integração com o transporte público, estendendo esses horários, criando espaço para bicicleta com ônibus, trens e metrô.”
Brasília: meta é atingir 1.200 km
O estudo revelou que a malha cicloviária de Brasília, por exemplo, ultrapassou a do Rio de Janeiro. Hoje, ela está atrás somente de São Paulo. Mas a meta do governo é ainda em 2018 alcançar o topo do ranking, com 600 km de pistas para bicicletas. Para os próximos cinco anos, a capital do país tem um desafio ainda maior: quer se tornar a cidade com mais ciclovias e ciclofaixas da América Latina, chegando à marca de 1.200 km.
Fortaleza, que aparece na quarta posição com 229,6 km de vias destinadas às bikes, também tem um projeto ousado: chegar a 320 km até 2020. Já Belo Horizonte, que tem apenas a 11ª malha cicloviária entre as capitais, com 89,9 km de vias, planeja mais que quadruplicar esse número. A intenção é que até o fim deste mandato a cidade conte com 400 km de ciclovias e ciclofaixas.
Manutenção e continuidade
Victor Andrade, coordenador do Laboratório de Mobilidade Sustentável da UFRJ, avalia que a ampliação da malha cicloviária depende de força política. E essa política precisa ser permanente, diz. Ele afirma que muitas vezes após a expansão as cidades acabam sofrendo com a falta de manutenção. “A ampliação da malha depende muito da pauta, do partido, do prefeito e de seus interesses. Mesmo os que investem, quando comparando com veículos motorizados, ainda é algo muito irrisório. É um investimento pouco representativo na política de transporte. No Rio de Janeiro e em São Paulo, houve ampliação da estrutura exclusiva para bicicleta, mas já é possível ver um desmonte dessa estrutura com a falta de manutenção. Há uma precarização. Já Fortaleza e Brasília estão com força total."
Manaus, Macapá e São Luís
Três cidades figuram no topo de baixo da tabela quando o assunto é a implantação de ciclovias. São Luís tem o pior índice de malha cicloviária por habitante: são 60.659 pessoas para cada quilômetro. Manaus tem a pior proporção entre a malha cicloviária e a malha viária total da cidade: 0,85%. E Macapá tem o menor número de vias para bikes entre as capitais: 11,8 km.
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