A Prefeitura de São Paulo anuncia hoje (3) o novo Plano Cicloviário da Cidade de São Paulo, elaborado pela gestão do atual prefeito Bruno Covas (PSDB). Aguardado há algumas semanas pelos cicloativistas da cidade, a proposta aponta um prazo de dez anos para a implantação de um Anel Cicloviário que incluirá as Marginais do Tietê e do Pinheiros, e as avenidas Bandeirantes, Tancredo Neves, Juntas Provisórias e Salim Farah Maluf.
A conceituação, que prevê a expansão da rede em mais 1,4 mil km, foi antecipada à jornalista Juliana Diógenes, do Estadão, e publicada hoje pelo jornal paulistano. O plano ainda passará por discussões na Câmara Temática de Bicicleta (CTB) e no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), além de audiência públicas nas 32 prefeituras regionais da capital paulista. Se inteiramente realizado, ampliará a atual rede de 498 km para mais de 1.800 km de ciclovias.
Integração com transporte público
O plano prevê a conexão da rede cicloviária com os principais terminais de ônibus e estações de metrô e trens da cidade. O conceito segue caminho previsto pelo Plano de Mobilidade (Planmob), planejamento lançado três anos atrás que norteia o crescimento da rede cicloviária de São Paulo até 2030, com mapas e diretrizes.
A proposta da Prefeitura não cita os recursos necessários para expandir a rede nem cronograma de implantação. No orçamento da Prefeitura para 2018, há R$ 9 milhões previstos para obras e manutenção de ciclovias, mas até agora nada havia sido gasto. Questionada pelo Estadão sobre o orçamento previsto e recurso gasto com sinalização cicloviária em 2018, a CET não respondeu.
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Ciclorrotas
Na hierarquização proposta, vias mais movimentadas, como a Avenida do Estado e a Radial Leste, terão ciclovias. Conexões entre os bairros e as grandes avenidas (vias coletoras, como a João Moura) ganharão ciclofaixas e ruas do miolo dos bairros concentrarão ciclorrotas. As grandes avenidas que cortam o anel das Marginais também ganharão ciclovias, conectando a periferia ao centro. Serão os chamados "eixos cicloviários". Na zona sul, por exemplo, as avenidas Vereador José Diniz, Ibirapuera e a Jabaquara terão vias segregadas, bem como a avenida do Estado, conectando a zona leste à região central. Outro anel, no Centro, terá ciclovias ligando a avenida Senador Queiroz ao Parque Dom Pedro II.
Remoçao de ciclovias
Em abril, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que iria "desativar ciclovias que só incomodam a população". Mas o novo plano cicloviário para a capital não prevê, a princípio, a remoção ou substituição de ciclovias. No entanto, segundo o Estadão, a CET está coletando exemplos de ciclovias com potencial para remoção, que poderão ser realocadas para vias próximas ou transformadas em ciclorrotas. Até março de 2019 todas as prefeituras regionais deverão encaminhar à CET pedidos dos cidadãos para retirada de ciclovias e ciclofaixas dos bairros.
Consultoria
A elaboração do plano teve consultoria técnica das instituições Bloomberg Philanthropies (que tem acordo de cooperação com a Prefeitura) e WRI Brasil (com foco em mobilidade e sustentabilidade). "A malha cicloviária pode ser composta por ciclorrota também, com ciclistas compartilhando espaço na rua com o ciclista, mas essa velocidade precisa ser muito baixa. A Prefeitura tem que garantir que a velocidade máxima fique entre 30km/h e 40km/. Queremos que o ciclista ande com segurança", diz Paula Santos, gerente de mobilidade ativa do WRI Brasil. A Prefeitura não discute, porém, a redução de velocidade máxima em vias que vão abrigar ciclorrotas, mas um acalmamento de trânsito com "lombofaixas" e ampliação de calçadas, estratégias para induzir o motorista a andar mais devagar.
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