Um ano e dois meses após a mudança da sede dos jogos do Morumbi, na zona oeste, para Itaquera, no extremo oposto da cidade, o monotrilho (Linha 17-Ouro do Metrô) segue sendo a principal obra de mobilidade de São Paulo para a Copa de 2014. Mas o acesso à Arena Corinthians será garantida por obras viárias e melhorias no metrô e nos trens urbanos. O tempo de viagem pelo Expresso Leste entre o centro e Itaquera será reduzido para 20 minutos, promete a Companhia Paulista de Trens Urbanos (CPTM)
Herança do Morumbi, o projeto do monotrilho consta da Matriz de Responsabilidades, documento assinado pela União com os estados e municípios do Mundial. Vai ligar o aeroporto de Congonhas à rede metroferroviária, corta o bairro do Morumbi e passa ao lado do estádio administrado pelo São Paulo Futebol Clube. Bem longe, portanto, do Itaquerão.
Apesar de não ser mais prioridade, com as atenções todas voltadas para a zona leste, o governo do estado pretende mesmo construir a linha. Um primeiro trecho de 7,7 km, ligando a Estação Morumbi da CPTM ao aeroporto de Congonhas, deve estar pronto até 2014. Mas o percurso total, com 17,7 km de extensão, anuncia o governo, foi adiado para 2016.
Das obras, nem sinal. Elas chegaram a ser anunciadas para novembro deste ano, mas isto não ocorreu, e os motivos não foram explicados. No momento, está sendo aguardada a licença de instalação do canteiro de obras, a ser emitida pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, e prevista para até o final do ano, informa a assessoria de imprensa do Metrô. Outra ação em curso é o processo de ajuizamento para desapropriação de 63 imóveis, diz a fonte oficial. E a elaboração dos estudos de topografia, sondagem e projetos executivos da obra.
Do outro lado da cidade, também estão previstas melhorias de várias vias de Itaquera, para facilitar o acesso ao estádio do Corinthians. Há décadas relegada pelo poder público, com a construção da futura arena a região que receberá a abertura da Copa voltou aos planos do governo. Prefeitura e estado firmaram convênio no ano passado para investir R$ 478,2 milhões em melhorias viárias. Os projetos básicos estão prontos, de acordo com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Mas ainda não há data para o lançamento da licitação, que está sendo preparada pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.).
Enquanto os projetos de mobilidade patinam, uma pesquisa da Price Waterhouse Coopers (PwC), divulgada em 22 de novembro, que avaliou 26 cidades do mundo, deixou São Paulo em penúltimo lugar em relação à qualidade do transporte urbano, à frente apenas de Johannesburgo, na África do Sul. Outra avaliação, lançada em outubro pelo portal Mobilize Brasil em colaboração com o Portal 2014, mostrou a capital paulista em último lugar na avaliação da mobilidade urbana sustentável.
Monotrilho
Obra polêmica, no final de 2010 o Ministério Público recomendou a suspensão da concorrência do monotrilho; e em junho uma liminar contra a obra foi movida por moradores, mas em seguida derrubada pela Justiça.
Ultrapassados os entraves, o governo anunciou, no dia 17 de novembro, a construção do monotrilho, em três fases. O primeiro trecho, previsto para maio de 2014, terá oito estações e ligará o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da Linha 9-Esmeralda da CPTM, passando por regiões hoteleiras da cidade. Para esse percurso, espera-se uma demanda inicial de 43 mil usuários ou mais, por dia, segundo estimativa do Metrô. Até 2014 ficarão prontas as estações Jardim Aeroporto, Congonhas, Brooklin Paulista, Vereador José Diniz, Água Espraiada, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi.
O consórcio Monotrilho Integração, formado pelas empresas Scomi (empresa da Malásia que detém a tecnologia deste monotrilho), Andrade Gutierrez, CR Almeida e Montagens e Projetos Especiais foi quem assinou o contrato para controlar o sistema monotrilho. O contrato refere-se a: material rodante, CCO-Centro de Controle Operacional, sistemas de sinalização e controle de tráfego, portas de plataforma nas estações, pilares/vigas-guia/fundações/track-switch (aparelho de mudança de via), e captação de energia.
Obras civis e sistemas de estações e pátio de manutenção e estacionamento de trens ainda serão contratados, por meio de parceria público-privada (PPP). Os demais trechos da obra serão entregues em 2015. São eles: o trecho 3 - que vai da estação São Paulo-Morumbi (Linha 4 do Metrô) à estação Morumbi (Linha 9 da CPTM) - e trecho 2, da estação Jabaquara (Linha 1-Azul do Metrô) à estação Congonhas (Linha 17-Ouro).
Quando estiver totalmente concluído, em 2016, o monotrilho terá 18 estações e conexões com as linhas 1-Azul, na estação Jabaquara, e 4-Amarela, na estação São Paulo-Morumbi. O segundo trecho da obra permitirá a conexão com a linha 5-Lilás, a partir da estação Água Espraiada. Na última etapa, será feita a conexão com a Linha 9-Esmeralda da CPTM. Quando pronta, a linha atenderá a mais de 252 mil usuários por dia, segundo projeções do Metrô.
Os recursos para a obra do monotrilho atingem R$ 3,2 bilhões, provenientes dos governos do estado e município, além de empréstimo (não especificado) do governo federal (FGTS). O primeiro trecho (estação Congonhas - estação Morumbi) será realizado a um custo estimado de R$1,9 bilhão.
Obras viárias
Fora da Matriz de Responsabilidades, as obras viárias no entorno do estádio do Corinthians terão investimento de R$ 345,9 milhões do estado e R$ 132,3 milhões do município. Incluem a abertura de novas avenidas (ainda sem nome definido) e de alças de acesso.
Em transporte ferroviário, os investimentos até 2014 – cerca de R$ 2,5 bilhões – incluem a compra de trens e a modernização do sistema sobre trilhos. As linha Vermelha (Metrô) e Coral (CPTM), que ligam o centro a Itaquera, terão sua capacidade conjunta aumentada para 114 mil pessoas/hora/sentido.
No metrô, o tempo de viagem entre estações passará, da média atual de 100 segundos na linha 3 para até 85 segundos, com consequente aumento de 20% na oferta de lugares nos trens da linha Vermelha. O tempo de viagem pelo Expresso Leste entre o centro e Itaquera será reduzido para 20 minutos e o intervalo entre trens passará de cinco minutos para até três minutos.
O governo do estado também inclui no rol de melhorias para a Copa algumas obras já entregues, como a ampliação da avenida Marginal Tietê e o complexo Jacu-Pêssego, que facilitarão o acesso de turistas na época do Mundial.
Além de reformar as estações de trens, a CPTM planeja construir mais 40 km de linhas até 2014. Já o metrô paulistano deve passar de 70,6 km (em maio deste ano) para 102 km em 2014, informa a Companhia do Metrô.
Trem para Cumbica: só depois da Copa
Já a nova linha 13-Jade, ou Expresso Guarulhos-Cumbica, que ligará o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, à rede de transporte coletivo sobre trilhos da CPTM e do Metrô, é uma obra estratégica de mobilidade, mas com prazo de finalização previsto para o final de 2014 ("caso não haja entraves burocráticos ou jurídicos", acrescenta a assessoria do Metrô). Portanto, não é um projeto concebido para a Copa, esclarece o governo estadual.