Como os sinais de trânsito priorizam os carros e desencorajam o caminhar

O professor David Levinson, da Universidade de Sydney, na Austrália, explica como os carros ganharam prioridade sobre os pedestres, lá e aqui...

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Fonte: The Conversation  |  Autor: David Levinson*  |  Postado em: 12 de junho de 2018

Oxford Circus, em Londres, antes das travessias di

Oxford Circus, em Londres, antes das travessias diagonais

créditos: Reprodução Youtube

Como no Brasil, nas cidades australianas, os sinais de trânsito dão prioridade aos veículos motorizados sobre os pedestres. Essa desigualdade prejudica muitos dos objetivos declarados das políticas de transporte, saúde e meio ambiente. Governos estaduais e municipais dizem que querem incentivar a caminhada e o ciclismo por vários motivos, entre eles:

# eficiência em termos de espaço

# menor impacto ambiental

# mais saudável

# são mais seguras para as outras pessoas nas ruas

# reduzem o número de carros.


Por tudo isso, os motoristas deveriam ser favoráveis ao caminhar e pedalar. Para ajudar a atingir esses objetivos, as agências de gerenciamento de trânsito também deveriam reequacionar os sinais de trânsito, de forma a redistribuir os tempos semafóricos nas interseções entre pedestres e carros.
 

Os planejadores tendem a se concentrar nas decisões mais amplas, de longo prazo, como infraestrutura e desenvolvimento urbano. No entanto, é justamente a mais curta das decisões de curto prazo - quantos segundos de luz verde cada movimento recebe em um cruzamento - que molda a percepção da viabilidade de caminhar ou dirigir até um destino em um determinado momento. Esse curto tempo influencia a escolha da rota, destino e modo de viagem.

 

O sincronismo do sinal de tráfego envolve matemática e tem sido historicamente delegado aos engenheiros. Mas também envolve valores e prioridades, e assim é o assunto apropriado da política pública. Desde o início do século 20 do que Peter Norton chama de “Motordom” (domínio do motor, do carro), o espaço nas ruas tem sido constantemente regulado e fechado. Isso limitou os direitos e privilégios dos pedestres ao promover os dos motoristas, em nome da segurança e eficiência. Mas segurança e eficiência para quem?
 

No passado, os pedestres cruzavam a rua quando e onde queriam. A introdução de sinais priorizou o movimento de veículos motorizados em detrimento dos pedestres, o que diminuiu a velocidade efetiva da caminhada pela cidade. Os pedestres agora passam cerca de 20% do tempo esperando nos cruzamentos. As conseqüências de tornar mais fácil dirigir e mais difícil de andar são consistentes com a ascensão de cidades dominadas por veículos.

Leia mais (em inglês), no artigo original:
# Como funcionam os sinais de trânsito
# Políticas públicas para melhorar a vida dos pedestres
# O advento dos veículos autônomos

 

 Uma breve história do urbanismo em Barcelona e as ações presentes para estimular a caminhada urbana



Exemplo de transformação de um cruzamento em Londres: faixas em X, como as adotadas em São Paulo entre 2015 e 2016



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