Com valor de 2,5 bilhões de reais (689 milhões de dólares), o contrato para a construção do Monotrilho do Subúrbio, em Salvador é o maior investimento em monotrilho realizado fora da China pela BYD, hoje a maior fabricante chinesa de veículos elétricos.

É o sinal mais claro até agora das ambições globais da montadora em fornecer transporte público para governos em todo o mundo, enquanto o crescente mercado de carros elétricos da China se torna cada vez mais competitivo. A empresa assinou uma série de acordos de monotrilho com países como Filipinas, Egito, Camboja e Marrocos. Também está em negociações sobre oito acordos de monotrilho na América do Norte e do Sul, incluindo os EUA, de acordo coma fonte.

Redução de subsídios
O contrato assinado em Salvador chega em um momento crítico para a fabricante de veículos elétricos, cujos lucros foram prejudicados pelos cortes do governo chinês nos generosos subsídios estatais para fabricantes de veículos elétricos. O país ainda oferece subsídios, mas está aumentando as exigências para os fabricantes de automóveis. Por exemplo, a partir de fevereiro, os veículos têm que viajar 150 km com uma única carga para se qualificar, 50% acima dos 100 km do passado. A China planeja acabar com os subsídios até 2020 e, em vez disso, usar um sistema em que os fabricantes de carros ganharão créditos com base no alcance e na eficiência.

Stella Li, vice-presidente do escritório da BYD em Los Angeles, informou à Agência Bloomberg que a empresa espera que os negócios no exterior fiquem em equilíbrio ainda neste ano. A BYD está “prestes a entrar na fase de colheita, com os negócios no exterior começando a gerar lucro e até mesmo liderando o crescimento da empresa”, declarou.

As observações de Li refletem a expansão agressiva da BYD no exterior em várias áreas, especialmente no segmento de ônibus elétricos. Além da China, a empresa tem vendido ônibus para países como EUA, Japão, Coréia do Sul e Portugal. Também vende caminhões elétricos para o Brasil e táxis elétricos para a Tailândia.

Os monotrilhos constituem uma parte essencial da estratégia global da BYD. O sistema de trilho único foi criado na Alemanha há mais de um século, mas ocupou um nicho de mercado muito específico, transportando turistas em parques ou passageiros em aeroportos. Mas agora está crescendo sua participação no cobiçado mercado do transporte urbano: barato, rápido e elétrico. 

Interior do monotrilho SkyRail Foto: Divulgação BYD

Custo por quilômetro
Os sistemas de monotrilho geralmente são mais baratos do que os metrôs. A empresa diz que cada quilômetro de monotrilho na China custa em média 30 milhões de dólares, cerca de um terço do custo de um metrô, e espera que os custos sejam semelhantes no projeto para o Brasil. Mas especialistas ainda duvidam que os projetos de monotrilho possam fazer uma diferença significativa de curto prazo nos lucros da empresa. O economista chinês Zhang Xi, analista do Guangdong Transportation Research Center, afirma, ainda, que o monotrilho já é uma tecnologia bem madura que o Japão, Canadá e muitos países europeus vêm desenvolvendo há anos, e é mais adequado para novas cidades médias e pequenas, mas não para grandes metrópoles, como são as capitais brasileiras.

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