Linha 17 - Ouro terá a menor capacidade de todo o Metrô

Composições do monotrilho do Morumbi ao Jabaquara poderão transportar até 400 passageiros, o que equivale a 20% da lotação dos trens convencionais do sistema

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 |  Autor: Caio do Valle / Jornal da Tarde  |  Postado em: 06 de dezembro de 2011

Esquina da Avenida Washington Luís e Rua Lourical

Esquina da Avenida Washington Luís e Rua Lourical

créditos: Jose Patricio/AE

O monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô, nas zonas sul e oeste, terá uma capacidade de transporte de passageiros muito menor do que as demais linhas do sistema, inclusive a extensão da Linha 2-Verde, na zona leste, que usará o mesmo tipo de tecnologia. Cada trem será capaz de levar até 400 pessoas, quantidade que corresponde a cerca de um quinto das composições do metrô convencional. É, também, menos do que a metade das mil pessoas que o monotrilho da Linha 2 levará.

 

Na avaliação de especialistas, os 24 mil passageiros que poderão utilizar a Linha 17 a cada hora equivalem ao que corredores de ônibus bem estruturados, com áreas para ultrapassagens e catracas fora dos veículos, podem carregar. A vantagem do corredor é que o custo seria menor. A Linha 17, que terá 17,9 km e conectará o Jabaquara ao Morumbi, ambos na zona sul, está orçada em R$ 3,2 bilhões, cerca de 65% do valor do monotrilho da Linha 2, que contará com 24,5 km e custará R$ 4,9 bilhões. Esse ramal ligará a Vila Prudente a Cidade Tiradentes.

 

"Um projeto mais caro só tem cabimento onde houver demanda que o justifique, senão você poderia pôr um corredor de ônibus", explica Marcos Bicalho, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

 

Para o consultor em engenharia de transporte Horácio Augusto Figueira, a demanda não justificaria a construção. "Um belo corredor atenderia muito bem os usuários e não traria tanto impacto visual."

 

De acordo com o Metrô, na primeira fase do ramal, entre as estações Congonhas e Morumbi, os trens circularão com apenas três vagões. Eles terão 34 metros de comprimento, ou seja, serão quase quatro vezes menores do que as composições comuns de metrô, que possuem 132 metros de extensão e acomodam até 2 mil pessoas em seus seis vagões.

 

Com o passar do tempo e o crescimento da demanda, a estatal poderá acrescentar mais dois vagões aos trens da Linha 17, o que fará com que os trens possam carregar até 600 passageiros. O Metrô alega que a capacidade das composições é baseada na demanda prevista para a linha. Estudos de origem e destino integram a concepção de novos ramais do sistema metroviário e orientam o dimensionamento do material rodante.

 

"Esse modal não é adequado ao transporte de massa, e sim a regiões turísticas", afirma o engenheiro Silvio Teixeira Júnior, presidente da Sociedade Amigos da Vila Inah (Saviah), que chegou a entrar com uma ação para barrar a obra. Parte dos moradores da região do Morumbi temem que a área se desvalorize com o elevado por onde passará o monotrilho.

 

Porém, o arquiteto e urbanista Flamínio Fichmann crê que a capacidade prevista para o monotrilho da Linha 17 está dentro do padrão que vem sendo empregado pelo mundo. "Monotrilhos tradicionais operavam em parquinhos de diversão e aeroportos, ou seja, locais com demanda muito pequena. Transformar isso num sistema de média capacidade, como a Linha 17, é até razoável, mas em um de alta capacidade, como o da zona leste, é uma temeridade."

 

Segundo ele, nesse caso, serão necessários muitos ajustes no projeto original, como o número e o tamanho dos vagões e a substituição do conjunto de propulsão. "Estão mudando totalmente o projeto, desde o trem até a forma de operação e a infraestrutura das estações. É outra concepção."

 

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