Hidrovias em represas da zona sul de SP começam a ser discutidas

Prefeitura e USP discutem implementar um sistema de transporte público ao estilo Amsterdam, Holanda. Previsto em lei de 2017, projeto porém é para longo prazo, diz gestão

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Fonte: G1  |  Autor: Vivian Reis  |  Postado em: 12 de março de 2018

Vista da represa Guarapiranga, em SP, em janeiro d

Vista da represa Guarapiranga, em SP, em janeiro de 2007

créditos: Márcio F. de Oliveira/Estadão Conteúdo/Arquivo

Prefeitura de São Paulo já definiu uma proposta de mudança nas linhas de ônibus da cidade e, ao mesmo tempo, começa a analisar a possibilidade de implementar, a longo prazo, outro tipo de transporte: a criação de linhas de hidrovias para a navegação de barcos de passageiros nas represas e rios da capital paulista.

 

O projeto de um novo modal de transporte, com balsas integradas aos ônibus e trens, ao estilo do transporte público de Amsterdam, na Holanda, no entanto, seria a longo prazo, segundo a Prefeitura.

 

Em 2017, o prefeito João Doria (PSDB) promulgou a lei nº 16.703, que trata do Plano Municipal de Desestatização (PMD). O projeto está associado à meta 44 do Programa de Metas da gestão. A proposta inclui a previsão de contrato com uma entidade que terá como "escopo realizar a exploração, administração, manutenção e conservação de terminais de ônibus do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros e do Sistema de Transporte Público Hidroviário na cidade de São Paulo".

 

Apesar disso, o edital que orienta o processo de licitação do transporte público em São Paulo não incluirá o transporte hidroviário. Segundo a SPTrans, a pedido do grupo de estudos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), por intermédio de Ricardo Nunes, o secretário Sérgio Avelleda concordou em iniciar uma série de reuniões para discutir o projeto.

 

“No entanto, não há nenhum projeto definido, tampouco previsão de implementação de projetos dessa natureza no curto prazo. Não há consulta pública específica sobre esse tema. A previsão é apenas de que, quando houver sistema fluvial, os ônibus deverão se integrar a ele”, diz a nota da SPTrans.

 

Antes, disso, em 2014, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou a Lei 16.010/14, projetada pelo vereador Ricardo Nunes (PMDB), para a inclusão do sistema de transporte público hidroviário na capital paulista. No mesmo ano, a Prefeitura incluiu a “integração entre os sistemas de transporte coletivo, viário, cicloviário, hidroviário e de circulação de pedestres” no Plano Diretor.

 

Vista aérea da represa Billings, em SP. Imagem de dez. de 2005. Foto: Sebastião Moreira/ Estadão Contúdo/Arquivo

 

Projeto

A proposta dos pesquisadores da FAU tem como objetivo um sistema de transporte fluvial conectado com os terminais de ônibus e estações de trem, inclusive com integração de tarifas. O Grupo Metrópole Fluvial prefere não divulgar o valor estimado para a custo da implantação desse sistema porque o projeto ainda é estudado e depende de decisões da gestão que abraçar o projeto.

 

As embarcações seriam parecidas com ônibus biarticulados, inclusive no custo, comportariam até 200 passageiros, e seriam movidas a hidrogênio, como o modelo Nemo H2, produzido na Holanda e que opera nos canais de Amsterdam.

 

Inicialmente, seria desenvolvida, em caráter experimental, a navegação em uma hidrovia no lago do Reservatório Billings e outra hidrovia no lago do Reservatório Guarapiranga, pois a infraestrutura necessária está praticamente pronta, a rede de transporte público no extremo Sul da cidade é deficitária e se limita aos corredores de ônibus, segundo os pesquisadores.

 

Por essas duas hidrovias, percorreriam dez linhas de travessias, seis delas na Billings e quatro no Guarapiranga. O grupo de pesquisadores propõe a construção de nove portos urbanos, sendo cinco na Billings e quatro no Guarapiranga.

 

Na Billings:

Porto Graúna, na Cidade Dutra, junto ao Sesc Interlagos;

Porto Gaivotas, no Grajaú;

Porto Sete Campos, em Pedreira, próximo da Avenida do Alvarenga;

Porto Krukutu; em Parelheiros, junto a Estrada da Barragem;

Porto Pedreira, em Pedreira;

Porto Bororé, no Grajaú.

 

Na Guarapiranga:

Porto CDC Guarapiranga, na Cidade Dutra, junto a Avenida Atlântica;

Porto Clube dos Funcionários Públicos, no Jardim Ângela, próximo a Estrada do M’Boi Mirim;

Porto Parque da Barragem, no Socorro, ao lado das estações Jurubatuba e Socorro;

Porto Balneário São José, na Cidade Dutra, próximo a Avenida Senador Teotônio Vilela.

A segunda etapa do trabalho seria a inclusão da navegação nos rios Tietê e Pinheiros, que já possui um estudo pronto, mas que necessitaria da construção de canais artificiais.

 


Como seriam as linhas do sistema hidroviário de SP. Foto: Roberta Jaworski/Editoria de Arte/G1

 

Hidroanel Metropolitano

Um caminho em favor da adoção do transporte hidroviário vem sendo trilhado há décadas pelos pesquisadores da FAU-USP. Inicialmente, o grupo recorreu ao Governo do Estado com a proposta de construção de um Hidroanel Metropolitano.

 

De acordo com o Departamento Hidroviário (DH) da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, cerca de 30 estudos similares já haviam sido apresentados ao governo do estado, até que em 2011, uma empresa foi contratada para analisar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do sistema de transporte com o apoio do Grupo Metrópole Fluvial.

 

Apesar do interesse do governo, o projeto para execução do empreendimento sequer foi desenhado, segundo a Secretaria de Logística e Transportes, pois os investimentos totais estimados giram em torno de aproximadamente R$ 3,1 bilhões, necessitam do empenho de pelo menos três gestões e a participação de cerca de 18 municípios da Grande São Paulo.

 

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