Excluída do Uber, Vila Brasilândia, em SP, consolida o Ubra

Ubra, o Uber da Brasilândia, um app especializado em atender aos moradores da região ganha prêmio e vira opção ao ônibus e táxi

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Fonte: Mobilize Brasil / BBC Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 03 de julho de 2017

Brasilândia, excluída do Uber, cria o Ubra

Brasilândia, em São Paulo: app próprio ganha prêmio

créditos: Obturadores/flickr.com

Brasilândia é um bairro da região noroeste de São Paulo, além do rio Tietê, entre a Freguesia do Ó e o Pico do Jaraguá, ponto mais alto da capital paulista. O bairro começou com um loteamento popular nos anos 1940, com ruas de terra, sem luz elétrica, água encanada, nem rede de esgotos. Moravam ali os operários pobres, migrantes vindos de várias partes do país e também de outros países. Era um gueto da pobreza que construiu a rica São Paulo dos anos 1950 e 1960. 

 

A primeira linha de ônibus ligava o bairro à Lapa, bairro mais tradicional da zona oeste, onde circulam duas linhas de trens urbanos. Antes do ônibus, os primeiros moradores eram obrigados a caminhar sobre a lama até a Freguesia do Ó, ou então a viajarem em caminhões com bancos que transportavam passageiros de forma precária e muito insegura. 

 

O bairro, no início dos anos 1950

 

Nesses 70 anos, o núcleo original da Vila Brasilândia expalhou-se pelos morros e vales da região, em um labirinto de ruelas de tráfego difícil e, em alguns casos, perigoso. Por conta da criminalidade crescente, o bairro está excluído da área de operação dos principais aplicativos de transporte, como o Uber. A empresa informa que “para aumentar a segurança de motoristas e usuários, o app pode impedir solicitações de viagens de áreas com desafios de segurança pública”.

 

Desse vácuo, nasceu o Ubra, o Uber da Brasilândia, um app especializado em atender aos moradores da região. Alvimar da Silva, um dos empreendedores do Ubra, explica que o ônibus é a única forma de locomoção possível no bairro: “O Uber não roda aqui dentro porque é perigoso”, explica Alvimar. Sinal de sucesso, o Ubra foi um dos projetos premiados pela Ford Foundation durante o Campus Party 2018. 

 

   
 Logotipo do aplicativo

Líder comunitário na região, Alvimar chegou a trabalhar oito meses como motorista do Uber, que lhe serviu como uma escola de empreendedorismo. Por isso, o Ubra somente motoristas conhecidos, que tenham carros em bom estado de conservação e com ar condicionado. O fundador do app conta que a região mais procurada pelos moradores é o centro de São Paulo “Basicamente, as viagens são feitas por aqueles que vão para o trabalho, hospitais, supermercados e baladas”, informa. O preço cobrado pelo Ubra (dois reais por km) é ligeiramente superior ao dos demais aplicativos de transporte individual, mas os motoristas nem sempre cobram a tabela cheia e aceitam pagamentos com dinheiro e cartões de crédito e débito. “Não cobramos muito caro porque estamos na periferia. Estamos para ajudar quem é daqui", conclui Alvimar da Silva.

 

A iniciativa é positiva, mas, sem controle da prefeitura, poderá estimular a proliferação de dezenas de apps semelhantes, numa possível repetição das lotações com vans, que se tornaram um grave problema na RMSP nos anos 1990. As perguntas centrais são: como controlar a perícia e saúde dos motoristas;  como verificar a manutenção dos veículos, como evitar fraudes que exponham os passageiros a riscos?

 

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