A prefeitura de São Paulo anunciou no último dia 8 de fevereiro a nova etapa do programa Asfalto Novo, com investimentos em torno de R$ 200 milhões para recuperar 147 km de vias para trânsito comum de carros, motos, caminhões e ônibus. O programa tem sido divulgado pelo poder público por meio de propagandas em redes de televisão aberta.
Na edição desta sexta-feira (23) do Diário Oficial da Cidade, o decreto 58.101, que abre crédito suplementar para “Pavimentação e Recapeamento de Vias”, mostra que grande parte dos recursos para as vias de trânsito comum sairá de investimentos que deveriam ser para o transporte coletivo de passageiros.
A pavimentação e o recapeamento de ruas e avenidas para quem também vai de carro e moto contarão com R$ 192 milhões (R$ 192.227.832,59) que seriam destinados para facilitar a vida de quem se desloca de ônibus na cidade. Isso porque este valor vai sair do orçamento que era previsto originalmente para a construção de novos corredores de ônibus.
Só um BRT
A cidade de São Paulo tem apenas 130 km de corredores de ônibus, que são insuficientes para os 14,4 mil coletivos que transportam aproximadamente 9 milhões de pessoas por dia (contando com as integrações realizadas entre Metrô e CPTM e as linhas municipais da SPTrans). Destes 130 km, apenas oito quilômetros são de BRT (Bus Rapid Transit), o Expresso Tiradentes no caso, que desde 5 de fevereiro está com um trecho de 300 metros interditado entre a rua Dona Ana Néri e o Terminal Parque Dom Pedro II, devido ao afundamento da pista.
Para recuperação do pavimento de faixas e corredores de ônibus, a Prefeitura anunciou R$ 25 milhões, valor bem inferior aos R$ 192 milhões que seriam para corredores novos.
No dia da apresentação do Programa Asfalto Novo, a prefeitura anunciou que iria buscar junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) um financiamento de R$ 450 milhões para revitalizar sete eixos de corredores de ônibus, faixas e áreas para pedestres. No entanto, ainda não há certeza se este dinheiro será liberado pelo banco nacional de fomento.
Na apresentação do Programa Asfalto Novo, a prefeitura havia anunciado que dos R$ 200 milhões para recapeamento, R$ 45 milhões sairiam do Tesouro Municipal, R$ 100 milhões do fundo de multas, R$ 25 milhões da SPTrans (São Paulo Transporte) e R$ 30 milhões financiados pelo banco Santander.
Demora dos ônibus
No início desta semana, a SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia o sistema de ônibus, informou que, em 2017, a demora entre os coletivos foi a principal queixa dos passageiros do sistema da cidade, com 9.285 reclamações, de um total de 35.428 contatos feitos pelos usuários com apontamentos negativos.
Em parte, este número sobre a demora nos pontos é explicada pelo fato de não haver na cidade estrutura suficiente para que os ônibus possam cumprir as viagens nos horários e com os intervalos programados. Apesar de transportarem muito mais gente, os ônibus ficam presos no trânsito como qualquer outro veículo.
Juntamente com a expansão da rede de trilhos, a construção de novos corredores de ônibus é apontada como uma das soluções para melhorar a eficiência e a qualidade dos deslocamentos de transportes públicos.
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