Pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo e projeto Cidade dos Sonhos revela que a maioria dos paulistanos está insatisfeita com a qualidade do transporte público, principalmente quanto ao tempo de espera nos pontos e a poluição gerada pelos ônibus.
Na Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017, divulgada na quarta-feira (20), as notas atribuídas pelos pesquisados para os diversos itens relacionados ao tema foram todas abaixo da média (que é de 5,5, em uma escala de 1 a 10).
E são as menores da série histórica do levantamento, iniciado há dez anos. Para o item “transporte público de uma maneira geral”, que inclui ônibus e metrô, os paulistanos deram nota 3,8. Em 2016, o indicador registrou 5,1.
Poluição
O item “controle da poluição do ar” recebeu uma das avaliações mais baixas: 2,8. No ano anterior a nota tinha ficado em 3,5. Além disso, a pesquisa revela que há uma percepção de piora no “tempo de espera pelos ônibus nos pontos ou terminais” e no “tempo de duração da viagem”.
O levantamento teve a parceria do Ibope Inteligência, e foi realizado entre os dias 27 de agosto e 11 de setembro com 1.603 moradores da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
“A maioria [dos paulistanos] avalia negativamente todos os aspectos relacionados aos ônibus municipais”, explicou Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, ao apresentar os dados da pesquisa na entrevista coletiva. Segundo ela, é possível perceber, em qualquer levantamento realizado atualmente, que a população está mais crítica e cobrando mais resultados do poder público.
Para o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, os resultados do levantamento são um alerta. Em sua avaliação, há um desejo expresso pelos paulistanos de que é preciso melhorar o transporte coletivo.
Abrahão destaca o fato de 52% dos entrevistados afirmarem que, em função do preço da passagem, deixam de visitar amigos e familiares e de ir a parques, cinemas e outras atividades de lazer. “O direito de ir e vir é um direito previsto na Constituição, e percebemos que há alguns impedimentos para que isso se concretize.”
Ele também chama a atenção para outro dado do levantamento: 61% dos paulistanos desaprovam a concessão do Bilhete Único à iniciativa privada; 31% aprovam; e 9% não souberam ou não responderam.
“Estamos num debate na cidade sobre a privatização de diversos equipamentos e serviços. Aqui [na pesquisa] há uma sinalização sobre um deles: o bilhete único”, ponderou o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, lembrando dos projetos da Prefeitura, de concessões e privatizações, que estão em debate na Câmara Municipal.
Já Flavio Siqueira, representante do projeto Cidade dos Sonhos, relacionou um dos resultados do levantamento – 59% dos pesquisados declararam haver problemas de saúde em seu domicílio relacionados com a poluição do ar na cidade – com o projeto de lei que muda a matriz energética da frota de ônibus do município, em discussão no Legislativo Paulistano, e o edital de licitação dos ônibus a ser lançado pela Prefeitura de São Paulo.
Confira a apresentação da Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017 e as tabelas deste estudo.
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