O que impede a construção de cidades mais humanas e saudáveis

Para arquiteta, população avançou na luta por espaço público e transporte de qualidade, mas ainda enfrenta inércia dos governos que insistem no modelo centrado no carro

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Mariana Guerra  |  Postado em: 19 de setembro de 2017

Atitude proativa da população rendeu avanços nas c

Atitude proativa da população rendeu avanços nas cidades

créditos: Fábio Miyata/ Mobilize

Mobilize Brasil completa seis anos de atividades. Concebido e dirigido por Ricky Ribeiro, o portal começou a ser estruturado no final de 2010, mas somente em setembro do ano seguinte, exatamente nas vésperas do Dia Mundial Sem Carro, nasceu para o público. Para marcar a data, publicamos a visão de colaboradores e apoiadores sobre os avanços (ou retrocessos) obtidos pelo Brasil na área de Mobilidade Urbana Sustentável ao longo desses 2.200 dias. Continuamos a série com o texto da arquiteta e urbanista Mariana Guerra, que escreve para o blog Mobilize Europa. 

"Em termos de avanço, eu destacaria a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/12), que prioriza modos não motorizados, e outros marcos legais como o novo Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei nº 16.050/2014), que avança ao reconhecer a relação indissociável entre mobilidade urbana, política de uso do solo e qualidade do espaço público. 

Se por um lado, não tivemos uma melhora significativa na qualidade e na oferta de transporte público, o uso de carros e bicicletas compartilhadas nas grandes cidades tem contribuído para diminuir a necessidade de aquisição do veículo próprio. 

Também destacaria como avanço uma atitude mais proativa por parte da população, que passou a reivindicar espaços públicos de maior qualidade, maior oferta de transporte coletivo, construção de ciclovias e calçadas confortáveis e seguras. Aparentemente, existe a percepção que o modelo de mobilidade urbana centrada no automóvel dá sinais de esgotamento, e vem sendo construída uma nova forma do cidadão relacionar-se com a cidade. 

População vem se apropriando do espaço público, como nesta ação no Jardim Ângela, SP. Foto: Ciclo SA

Por outro lado, há uma inércia por parte dos governos de diferentes esferas, que ainda concentram toda a atenção e investimentos na ampliação de espaços destinados ao automóvel. Uma atitude populista que, se por um lado, permite a permanência de certos grupos no poder, impede por outro, avanços na área da mobilidade e a construção de cidades mais humanas e saudáveis."

*Mariana Falcone Guerra é arquiteta especializada em desenho urbano inclusivo. Vive em Madri, onde cursa doutorado na Universidade Politécnica. De lá escreve para o blog Mobilize Europa

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