Acaba de ser divulgado o resultado da concorrência internacional, convocada em março, para o desenvolvimento de reforma da avenida mais famosa de Barcelona: o projeto km-ZERO.
A ideia é evitar que o turismo monopolize a região e tornar esse espaço simbólico e decadente (em idênticas proporções) mais habitável para os moradores do bairro e da cidade em geral. Pode acreditar: dessa forma a Rambla também ficará mais bacana para o turista que preza a qualidade.
A equipe vencedora é composta de 15 profissionais de áreas diferentes (de arquiteto a sociólogo, passando por urbanista e biólogo) – todos fortemente vinculados à comunidade local.
As obras devem começar no início de 2019 e preveem a inclusão de um memorial para lembrar o atentado terrorista de 17 de agosto. Ainda não há imagens em 3D da nova aparência que a avenida terá, mas as diretrizes a serem seguidas já foram estabelecidas. E são interessantíssimas.
Saiba como será a nova Rambla:
Terá mais segurança e um memorial ao 17-A
Em sua nova versão, a Rambla terá barreiras que dificultem a entrada de carros nas zonas para pedestres. E haverá um memorial que explique o que aconteceu e renda homenagem às vítimas. Ainda não há um lugar estabelecido para o monumento.
A circulação de carros deve diminuir
O acesso de automóveis privados deve praticamente desaparecer das Ramblas. O projeto prevê melhor acessibilidade ao transporte público e uma melhora na circulação a pé pela avenida (muito provavelmente resultado de uma configuração com menos obstáculos pelo caminho).
Mais residências
O plano prevê uma reforma do uso dos imóveis da Rambla para que ela volte a ter o maior número de moradores possível. É bastante provável que, para isso, apês que são alugados para turistas entrem em algum programa de moradia de “proteção social”. Esse recurso é utilizado em outras cidades, como Amsterdã, para evitar que as áreas mais emblemáticas e turísticas da cidade se transformem em um parque temático, perdendo o seu caráter.
Mais comércio “de bairro”
O modelo de urbanização de Barcelona prevê que cada morador tenha algumas facilidades básicas a poucos metros de sua casa: farmácia, supermercado, sapateiro, padaria etc. Hoje em dia, quem mora nas Ramblas está cercado de lojas de suvenires de baixa qualidade, restaurantes péssimos e lojas caras. A ideia é que, pouco a pouco, o comércio “de bairro” vá voltando à cena.
Concessões do espaço público serão repensadas
Houve um tempo em que os quiosques de flores da Rambla vendiam apenas girassóis, rosas e afins. E que as bancas de jornal atuavam como tal. Hoje em dia, tudo se transformou em uma grande feira de suvenires. E ainda há barraquinhas de sorvete, de ingressos e muitas outras coisas que atravancam a circulação dos milhares de pedestres que passam por ali. Tudo isso será reavaliado e é muito provável que o espaço público fique mais “clean”.
Ícone de um novo modelo turístico
A grande utopia do projeto é que sirva como um “centro internacional de pesquisa de turismo crítico e economia circular”, que promova o debate entre turistas, moradores e pessoas de diferentes origens – algo desesperadamente necessário nos dias de hoje.
Espaço para manifestações públicas
O terrível atentado acabou fazendo com que a Rambla volte a ser o coração da cidade. Com o novo projeto, a ideia é que manifestações, festas de rua e celebrações coletivas tenham um espaço confortável e apropriado na avenida.
Os edifícios serão restaurados
No meio da multidão, muitas vezes caminhamos pela Rambla sem enxergar a quantidade de edifícios magníficos que cercam o calçadão. Muitos deles devem ser restaurados.
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