O desmonte na política voltada a incentivar o uso de bicicletas no Grande ABC segue em ritmo acelerado. Além da redução de ciclofaixas já implementadas, a região pode perder agora o seu único bicicletário municipal, localizado em Santo André (SP). Alvo de constantes atos de vandalismo, o local, instalado entre as ruas Presidente Carlos de Campos e Delfim Moreira, no Centro, tem apresentado série de problemas estruturais. Sem segurança e apoio do Paço andreense, o equipamento se encontra às moscas.
Inaugurado pela Prefeitura em 2008 e com capacidade para abrigar, gratuitamente, 152 bicicletas, o equipamento hoje sequer recebe um usuário por dia. “Ninguém mais usa o espaço. Serve somente para o pessoal cortar caminho pro Centro ou para usuários de drogas”, revela o comerciante Adalberto Barros, de 61 anos.
Em visitas realizadas no bicicletário na semana passada e ontem, a equipe de reportagem do jornal Diário do Grande ABC encontrou cenário de total abandono e destruição. Com tendas rasgadas e ausência de iluminação, o espaço não tinha nenhuma bicicleta estacionada em toda sua área. Em compensação, foi possível encontrar acúmulo de lixo, inclusive, com pinos de cocaína jogados pelo chão.
A situação do espaço se agravou, segundo vizinhos, após a guarita da guarda patrimonial instalada no equipamento ser incendiada há cerca de duas semanas. “Fazia tempo que nenhum guarda ficava ali. Depois disso, muitos usuários de drogas e travestis usam o espaço para consumo de drogas. Dias atrás um jovem deixou a bicicleta e se desesperou ao constatar que ela tinha sido roubada”, disse o manobrista Renato Allan da Silva, de 35 anos.
Revitalização que não vingou
Único bicicletário municipal do Grande ABC, o espaço chegou a ganhar atenção especial da Prefeitura de Santo André durante a gestão passada, quando foi cogitado possível revitalização do espaço, tendo em vista a inauguração da ciclovia que liga a região da Vila Luzita ao Centro da cidade. No entanto, o projeto não vingou.
Sem confiança na segurança do local, usuários relatam utilizar agora outro bicicletário, localizado ao lado da Estação Prefeito Celso Daniel – Santo André da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Administrado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), o espaço tem capacidade para atender até 330 bicicletas.
Em nota, a Prefeitura de Santo André disse “estudar novo projeto para o local, ainda em finalização da proposta. Incluindo ainda política para o grafite na cidade, que deve incorporar ações na área do bicicletário”. O poder público, no entanto, não forneceu detalhes sobre a média de usuários tampouco sobre o incêndio na guarita do equipamento.
Região tem 2.524 vagas para bicicletas
Bicicletários espalhados por três municípios do Grande ABC – Santo André, São Bernardo e Diadema – somam, juntos, 2.524 vagas para ciclistas na região.
Em Santo André, além das 158 vagas do bicicletário municipal, moradores ainda dispõem de outras 330 lugares do equipamento administrado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). O espaço conta com Segurança, responsável por organizar os veículos. O usuário precisa levar apenas um cadeado e uma corrente para prender a bike nos cavaletes disponíveis.
A empresa possui ainda outro equipamento no Terminal Metropolitano de São Bernardo. Ao todo, são 68 vagas no espaço.
Bicicletário de Mauá
A região conta também com bicicletário em Mauá, este administrado pela Ascobike (Associação dos Condutores de Bicicletas de Mauá). O espaço é o maior de todo o sistema da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Com 1.968 vagas e funcionamento 24 horas, o espaço recebe diariamente cerca de 700 ciclistas. No local, associados pagam R$ 25 para usar o serviço mensalmente. O valor para não associados é de R$ 3 por dia.
Leia também:
Pesquisa traz o perfil dos grupos de pedal da Grande São Paulo
Obra da ciclovia de S. André, no ABC paulista, fica para junho
O maior estacionamento de bicicletas das Américas fica no Brasil