Após 20 anos, a Região Metropolitana do Recife (RMR) terá uma nova Pesquisa de Origem-Destino (OD). O estudo, que vinha sendo anunciado desde 2016, foi lançado nesta segunda-feira (5) pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria das Cidades, em convênio com o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), ligado à Prefeitura do Recife.
O objetivo da pesquisa é identificar como a população se desloca de casa para o trabalho, para o estudo ou para outros polos geradores, como comércio e serviços. A partir dos resultados, o poder público poderá desenvolver políticas públicas focadas nas necessidades dos cidadãos, como novas linhas de ônibus, metrô e rotas para bicicletas.
Os dados também ajudarão os municípios na formulação de seus planos de mobilidade urbana, que devem ser concluídos até 18 de abril de 2018, conforme exigência da Lei de Mobilidade Urbana. Caso não entreguem, as prefeituras ficarão proibidas de receber recursos federais para projetos no setor.
Durante o evento de lançamento, o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Maurício Pina lembrou, para efeitos de comparação, que a cidade de São Paulo tem feito pesquisas OD a cada dez anos. Na RMR, porém, esse tipo de estudo só foi feito nos anos de 1972, pela Sudene, e 1997, pela então EMTU. O hiato de 20 anos desde a última pesquisa era motivo de críticas de especialistas na área, já que dificultava a formulação de ações, sobretudo as voltadas ao transporte público.
“Uma pesquisa dessa natureza possibilita o conhecimento detalhado das características dos deslocamentos e permite, ainda, a obtenção das matrizes de origem e destino por modo de transporte utilizado, além da correlação entre as viagens realizadas e aspectos socioeconômicas da população”, ressaltou Pina.
Diretor executivo de Planejamento da Mobilidade do ICPS, que aplicará a pesquisa, Sideney Schreiner destacou a importância do planejamento com base nos dados que serão coletados. “Ela [a pesquisa] representa a diretriz fundamental para a reorganização de linhas de ônibus, implantação de faixas exclusivas de ônibus, estudos de expansão do metrô, implantação de ciclovias e ciclofaixas, recuperação de calçadas e mudanças na circulação do tráfego urbano”, explicou.
Como participar
Diferentemente da pesquisa de 1997, a que será feita agora não terá consultas em domicílios, mas, sim, a coleta de respostas por meio de um formulário online disponível no site da pesquisa.
A medida, que já havia sido experimentada na pesquisa OD realizada pela Prefeitura do Recife em 2016, contribui para reduzir os custos do estudo e para permitir sua reaplicação numa frequência muito maior, o que manterá as informações atualizadas.
Todo e qualquer cidadão pode participar do estudo respondendo ao formulário. Conforme Schreiner, a ideia é que os 14 municípios da RMR tornem obrigatório que escolas, universidades e empresas coletem essas informações junto ao seu público interno. No Recife, esse processo se tornou lei em 2015 para estabelecimentos com mais de 200 funcionários, que podem não ter o alvará de funcionamento renovado se não atenderem à exigência.
“O Ministério das Cidades quer replicar esse modelo de estudo em outras cidades. É inovador para o País inteiro e para outros países. Podemos nos tornar referência em dados para planejamento”, disse Schreiner.
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