De bike, paquistanesas reivindicam lugar no espaço público

Em várias cidades do Paquistão, grupos de feministas participaram de pedaladas neste domingo (2) para pedir por mais liberdade e o direito de andar em paz pelas ruas

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Fonte: Público/ Reuters  |  Autor: Público  |  Postado em: 03 de abril de 2017

Mulheres usam a bicicleta para protestar no Paquis

Mulheres usam a bicicleta para protestar no Paquistão

créditos: Faisal Mahmood/ Reuters

 

Dezenas de mulheres paquistanesas participaram neste domingo (2), em várias cidades do país, de um protesto com bicicleta para desafiar o que chamam de domínio dos homens nos espaços públicos. As jovens, a maioria na casa dos 20 anos, buscaram chamar a atenção para o pouco espaço que elas têm conseguido ocupar nas ruas.

 

"A nossa estratégia é simplesmente ser visível em espaços públicos", explica Meher Bano, da organização Girls at Dhabas. Há um ano, esse grupo feminista organizou um protesto depois que uma mulher de Lahore foi empurrada da bicicleta por um grupo de homens que mexeram com ela e foram ignorados.

 

O desfile de bicicletas foi um dos muitos eventos organizados nos últimos anos com o objetivo de aumentar a conscientização da sociedade para o problema. O nome da associação remete aos restaurantes paquistaneses (dhabas), numa ligação clara à urgência que as mulheres têm de estar no espaço público com os mesmos direitos que os homens.

 

Ciclistas paquistanesas pedem mais espaço na sociedade. Foto: Faisal Mahmood/ Reuters

 

Integrantes da nova geração de feministas paquistanesas, as ativistas do Girls at Dhabas estão determinadas a avançar nas conquistas de suas antecessoras. "O movimento das mulheres é tão antigo quanto o Paquistão, mas não é algo que realmente seja falado", esclarece Bano.

 

Mais de 60% dos quase 200 milhões de paquistaneses têm menos de 30 anos, mas as mulheres jovens daquele país muçulmano continuam a enfrentar barreiras de acesso ao emprego e muitas vezes sentem-se "desconfortáveis" por ir a áreas públicas onde a presença masculina é preponderante, continua a dirigente feminista. "Faz parte de uma narrativa muito maior que leva ao assédio e à violência", explica.

 

Violência

As diferenças entre homens e mulheres continuam a ser gritantes num país onde ainda se matam as mulheres em nome da honra familiar, como aconteceu em julho passado com Qandeel Baloch, de 20 anos, conhecida nas redes sociais pelos seus posts, e que foi morta pelo irmão por alegadamente desonrar a família. A sua morte chocou o país e transformou esta jovem num ícone feminista.

 

Embora o movimento das ativista seja pequeno ainda, estas mulheres tem feito sua voz chegar aos meios de comunicação e às redes sociais. O problema é que, por isso mesmo, muitas delas enfrentam o abuso e são acusadas de serem influenciadas por ideais ocidentais.

 

Em Islamabad, várias participantes do protesto de bicicleta partilharam histórias de assédio, e falaram da necessidade de lutar contra o conservadorismo crescente nas ruas do Paquistão. Segundo elas, há menos mulheres em público hoje do que há vinte anos. "Ao deixarmos esse espaço desaparecer, estamos permitindo que a sociedade fique menor de espírito...", lamentou uma delas.

 

Mulheres pedalam pelo mesmo direito ao uso do espaço público. Foto: Faisal Mahmood/ Reuters 

 

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