Não é qualquer pessoa que conseguiria ter a rotina da operadora de trem Catherine Freire, de 27 anos. Ela começa o turno na CCR Metrô Bahia às 21h50 e só sai às 6h10 do dia seguinte.
Neta de maquinista, a carioca cresceu em uma família com tradição no ramo de ferrovias. Mas Catherine nunca tinha pensado em trabalhar com trens até que se mudou para Salvador em 2014, quando o marido foi trabalhar justamente no metrô, como agente especializado em Engenharia.
No Rio, ela atuava como técnica em enfermagem, mas so chegar à capital baiana já estava desanimada com a profissão. Assim, logo conseguiu a vaga como operadora na CCR, onde está há dois anos. Na época, até os parentes, que já conviviam com o mundo dos trens, estranharam. “Eles diziam: ‘Nossa, mas mulher?’. É novidade encontrar operadora mulher. Aqui, no metrô da Bahia, estamos quebrando vários paradigmas”.
Mãe de um filho de sete anos com espectro autista, Catherine pediu para trabalhar à noite para poder acompanhá-lo durante o dia. Desde então, vive uma maratona todos os dias. Quando chega em casa, de manhã, ajuda o marido a levar o filho para a escola e só depois vai descansar um pouco. Pelo menos, até ele chegar para o almoço. À tarde, acompanha o garoto nas terapias que faz todos os dias – que vão de psicoterapia a fonoaudiologia e terapia ocupacional.
Catherine diz nunca ter percebido preconceito na profissão. Pelo contrário, diz ela, o que mais vê é admiração. “Logo que comecei, tinha usuário que vinha na plataforma e tirava foto, quando via que era mulher. Tinha criança que vinha, cutucava a mãe e falava ‘olha, uma menina!’. Quando vejo o olhar de uma menininha assim na plataforma, me dá muito orgulho. É o diferencial de mostrar para a criança que ela não precisa ter uma profissão ‘de menina’. Ela pode ter o que ela quiser”.
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