O aumento da velocidade das marginais Tietê e Pinheiros, na capital paulista, foi criticado hoje (19) na primeira reunião do ano do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de São Paulo.
Criado em 2013, o conselho é um órgão consultivo da Secretaria Municipal de Transportes composto por membros indicados pela sociedade civil, pela prefeitura e eleitos segundo critérios de distribuição geográfica da população.
Para a conselheira Marina Harkot, o prefeito João Doria está colocando os compromissos feitos durante as eleições acima das evidências sobre o tema. “Uma eleição não é uma carta branca; eu acredito que seja uma grande irresponsabilidade politizar a vida de outras pessoas. Famílias inteiras que sofrem pela perda de parentes e amigos”, ressaltou ao falar durante a sessão.
A proposta, anunciada pela prefeitura antes mesmo do início da atual gestão, em dezembro do ano passado, trouxe apreensão de parte dos conselheiros que pressionou por esclarecimentos. Durante a reunião foi cobrada a apresentação dos estudos que embasaram a decisão. O presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), João Octaviano, disse que as informações serão divulgadas na página do órgão ainda hoje (19).
Críticas
"Nós estamos muito seguros do que estamos fazendo. O projeto está todo baseado em fundamentos técnicos”, disse Octaviano ao responder se após as críticas a prefeitura consideraria alterar o projeto Marginal Segura, que prevê o aumento dos limites de velocidade.
“Nós estamos devolvendo à cidade um equipamento com a sua capacidade de uso. Isso é uma obrigação da administração. De forma consequente, segura e absolutamente técnica”, acrescentou.
Na opinião do também conselheiro Rafael Calabria, não existe demanda para que sejam tomada essas medidas. “Essa ação do aumento da velocidade não tem justificativa administrativa, não tem um problema que visa solucionar”, enfatizou. Ele lembrou ainda que a mudança aumenta o risco de sequelas e mortes nos acidentes:
“Os acidentes em velocidades maiores são mais graves, mais pesados para o motorista, para o ciclista e para o pedestre. Então, todos os danos são maiores”, acrescentou.
O secretário municipal de Transportes, Sérgio Avelleda, disse que estão previstas uma série de ações que, em conjunto, tornarão as vias mais seguras, permitindo o aumento dos limites de velocidade.
“Estamos melhorando a vida do pedestre que caminha ao lado da marginal. Estamos atacando a presença do comércio ambulante irregular. E convidando, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, as pessoas que moram nas marginais a não mais ali morarem, porque é um local de alto risco. Estamos adotando medidas de sinalização. A fiscalização vai aumentar muito”, enumerou.
Redução de mortes
A prefeitura de São Paulo havia reduzido as velocidades máximas permitidas não só nas marginais, como em diversas ruas e avenidas da cidade, como parte de um programa de segurança no trânsito da gestão do ex-prefeito, Fernando Haddad.
A CET divulgou, em outubro passado, um balanço que mostrou queda de 52% no número de acidentes fatais nas marginais Tietê e Pinheiros, durante o primeiro ano de implantação da medida. De julho de 2014 a junho de 2015, foram registrados 64 acidentes com mortes. De julho de 2015 a junho de 2016, ocorreram 31.
Octaviano minimizou o impacto do programa para a redução dos acidentes e do número de vítimas. Segundo ele, a crise econômica também contribuiu com os resultados ao diminuir a circulação de veículos. “Na verdade você tem uma estrutura econômica que mudou a estrutura do trânsito no país inteiro”, afirmou.
Com a elevação dos limites, a velocidade máxima voltará aos 90 km/h nas pistas expressas, 70 km/h nas centrais e 60 km/h nas pistas locais. Atualmente, os limites são de 70 km/h, 60 km/h e 50 km/h, respectivamente.
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