Derrotado na Justiça e obrigado a suspender o reajuste nas integrações e nos bilhetes temporais do transporte público, o governo do Estado de São Paulo estuda aplicar aumento linear nas tarifas, o que pode fazer subir para R$ 4,05 o valor das passagens unitárias de metrô e trem, que foram congeladas em R$ 3,80.
A saída pelo aumento está expressa no recurso apresentado pelo Estado ao Tribunal de Justiça, quando tentou sem sucesso barrar a decisão liminar que vetou os reajustes autorizados no domingo – e que estão cancelados desde ontem.
Além da tarifa básica, a opção pelo aumento linear (dentro da inflação, de 6,5%, no IPC-Fipe), faria a integração de metrô ou trem com ônibus municipais da capital passar de R$ 5,92 para R$ 6,31.
Os reajustes propostos pelo Estado estavam todos acima da inflação. A integração subiria para R$ 6,80 (alta de 14,8%), e outros bilhetes, como o mensal, teriam acréscimos ainda maiores: o comum (35,7%), de R$ 140 para R$ 190, e o integrado (30,4%), de R$ 230 para R$ 300.
Segundo o Palácio dos Bandeirantes, associada ao congelamento, a fórmula beneficiava a maior parte dos usuários e garantiria arrecadação de R$ 220 milhões, necessária para o custeio do sistema.
Secretário Estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni afirmou na quarta-feira (11) que entrará com novo recurso, confia na vitória na Justiça, mas não descartou aumentos. “Vamos ter de tirar de algum lugar esse dinheiro.”
Secretário municipal dos Transportes, Sérgio Avelleda disse que a Prefeitura de São Paulo também vai ingressar com recurso na Justiça, embora não citada na ação, e que não pretende mexer na tarifa dos ônibus, também congelada em R$ 3,80. “Não estudamos essa questão.”
O congelamento é uma promessa do prefeito João Doria (PSDB), que só mais tarde foi seguida pelo Estado.
Os secretários, que participaram de entrevista coletiva conjunta, reafirmaram que a proposta afeta a minoria dos passageiros. Entre os que fazem integrações (retirando os que usam vale-transporte), são 14% dos usuários da CPTM, 19% do metrô e 15% dos ônibus.
Sem ressarcimento
Segundo Avelleda, os passageiros que compraram créditos entre domingo (8) e terça-feira (10), quando as tarifas estavam reajustadas, terão descontos agora pelo preço menor, mas não terão a diferença paga a mais nesses dias ressarcida.
Mais um que cai
Em nova decisão liminar, a Justiça determinou ontem a suspensão do reajuste de R$ 4 para R$ 4,30 no Corredor Metropolitano ABD (que liga capital e ABC), em todas as linhas intermunicipais da EMTU e nas integrações em cinco terminais.
Leia também:
Governo de SP diz que não foi notificado sobre liminar e mantém aumento na integração
Com reajuste, metrô de Brasília é o mais caro do país
Seis capitais subiram a tarifa do ônibus em 2017