Comentários críticos, bem ácidos e irônicos, marcaram o rodapé da matéria publicada hoje no jornal FolhaMax sobre a nova promessa do governo de Mato Grosso de retomar as obras do VLT Cuiabá-Várzea Grande. Segundo o texto, o novo secretário de Estado das Cidades (Secid), Wilson Santos, anunciou o reinício dos trabalhos em abril de 2017, mas somente entre o aeroporto, em Várzea Grande e a região do porto fluvial, às margens do rio Cuiabá.
Explica-se tanto ceticismo pelo longo imbróglio que azedou o sonho da população local de ter um transporte sobre trilhos confortável e seguro. A obra fazia parte da Matriz de Responsabilidade da Copa de 2014, assinada pela Prefeitura e Governo do Estado de Mato Grosso. A proposta inicial previa a construção de um BRT entre Cuiabá e Várzea Grande, mas o grande volume de desapropriações que seria necessário levaram à substituição do corredor de ônibus por uma linha de VLT.
O sistema de transporte teria 22 km e dois ramais: CPA-Aeroporto e Coxipó-Centro, com um total de 33 estações. Hoje, além dos questionamentos judiciais sobre os contratos, um dos principais entraves para que a obra prossiga em direção ao centro da capital matogrossense é justamente a necessidade de desapropriações em área histórica, que não estava prevista nos projetos, nem do VLT, nem do anterior BRT.
Wilson Santos informou que não será possível a conclusão total da obra, mas que vai terminar o trecho do modal entre o Aeroporto/Porto até o final de sua gestão, em 2018. Apesar de o processo do VLT estar judicializado e o governo do estado já ter descartado acordo com o Consórcio responsável pelas obras, Santos garantiu que é favorável a um acordo e que Estado e as empresas chegarão a esse consenso, informou o FolhaMax.
“O Consórcio vai ter que baixar o valor pedido para concluir a obra. Já baixou de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,053 bilhão e agora já admitiu que pode baixar ainda mais. Nós vamos baixar esse preço de qualquer jeito, com lupa, microscópio e chegar a um consenso”, declarou Santos ao jornal.
Vista aérea do terminal e pátio de manobras em Várzea Grande: composições (dir.) continuam estacionadas ao relento
Para retomar as obras do VLT, o Estado conta com aproximadamente R$ 200 milhões da Caixa Econômica Federal e, segundo o secretário, o Ministério das Cidades já sinalizou que vai ajudar Mato Grosso a obter mais recursos para a conclusão das obras: “Vai nos ajudar a obter de R$ 300 até R$ 500 milhões com o BNDES ou até com a Caixa Econômica Federal. Então nós temos condições de buscar esse restante. Só depende do entendimento que faremos com o consórcio”.
Trecho ainda sem trilhos nas proximidades do rio Cuiabá. Imagem: Google
As obras estão paralisadas desde dezembro de 2014 e há um ano e oito meses o contrato foi judicializado na tentativa de um acordo entre o Estado e o Consórcio, mas o governo já assumiu em juízo ser inviável acordo entre as partes. Durante a suspensão, um estudo de viabilidade foi feito a pedido do Governo, o qual apontou que o modal é viável para a Grande Cuiabá, mas precisará ser subsidiado pelo Estado. O valor inicial do subsídio, segundo o levantamento, é cerca de R$ 37 milhões por ano. Wilson Santos ainda questiona quem pagará esse subsídio. “...as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, o Governo do Estado? Estamos estudando”, concluiu o secretário.
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