Bondes e trens fizeram o orgulho da cidade paulista de São Carlos (do Pinhal) até a metade do século 20. A partir dos anos 1960, com a melhoria das rodovias e o aumento da oferta de carros, a cidade de 255 mil habitantes foi gradativamente abandonando os trilhos e adotando os pneus para circular e conectar-se com outras localidades do estado.
Sintoma desse processo aparece na pesquisa realizada pela FGV Projetos para alimentar o Plano de Mobildade Urbana elaborado em 2023 e pronto para ser colocado em prática pelo próximo prefeito que será eleito em outubro de 2024. Vários entrevistados entre os 1.300 que foram ouvidos, sugerem a remoção dos trilhos ferroviários - hoje usados apenas para cargas - para fora do centro da cidade, uma negação da antiga infraestrutura que poderia ser remodelada para o transporte público urbano ou intercidades.
O Plano foi construído com metodologia desenvolvida pela FGV, em parceria com a Prefeitura. Faz um diagnóstico da situação atual, muito marcada pelo uso intensivo de carros, e sugere uma série de medidas, a começar pela melhoria da infraestrutura de caminhar - calçadas, faixas de pedestres, rampas de acessibilidade. Sugere também a ampliação da rede cicloviária, hoje com menos de 20 km de extensao, e propõe medidas para reorganizar e acalmar o trânsito, com redução das velocidades, de forma a minimizar acidentes. E inclui propostas para a melhoria gradativa do transporte coletivo, de forma a atrair usuários de todas as classes sociais.
É um ótimo documento para entender o momento presente da mobilidade em São Carlos, seus fluxos e demandas gerais de mobilidade. É também uma boa ferramenta para redesenhar a cidade no futuro.
O documento-resumo, assim como as informações sobre as pesquisas e audiências públicas realizadas, pode ser encontrado no site Planmob São Carlos.