Protestos por mobilidade na Holanda nos anos 1970: ativismo, inovação e transições

Artigo (em inglês) analisa em detalhe como foi a luta da população holandesa para reduzir a invasão motorizada e ampliar sua rede cicloviária

Protesto em Amsterdã, dezembro de 1972

Protesto em Amsterdã, dezembro de 1972

créditos: Mieremet, Rob / Anefo

Autor: Matthew Bruno, Henk-Jan Dekker e Letícia L. Lemos

Assunto: Estudos e Pesquisas

Abrangência: Internacional

Ano: 2024

Na Holanda, 23% das viagens de qualquer distância são feitas de bicicleta. As elevadas taxas de utilização da bicicleta estendem-se para além dos centros urbanos. Entre as doze províncias holandesas Limburgo é aquela com as menores taxas médias de utilização da bicicleta, mesmo assim com 17% das viagens feitas por modos cicláveis.


E se consideradas as viagens feitas com integração ao transporte público, quase metade de todos os passageiros da rede ferroviária do país chegam às estações de bicicleta (KiM, 2019).


O que pouca gente sabe  é que as infraestruturas que possibilitam esse sistema foram em grande parte estabelecidas nas década de 1960 e 1970, depois de amplos movimentos sociais liderados por grupos como o Provo (1965-1967) e o Kabouter (1970) que protestavam contra os efeitos cada vez mais graves da rápida motorização do país. O Provo, aliás, foi´o criador da estratégia das "Bicicletas Brancas", considerado o primeiro sistema de bicicletas compartilhadas do mundo.


Este artigo, elaborado por Matthew Bruno, Henk-Jan Dekker e Letícia Lindenberg Lemos tenta responder à seguinte questão: "Como podem os movimentos sociais desenvolver e promover transições de sustentabilidade a longo prazo?"


Para isso, examina o papel que os protestos holandeses jogaram contra a motorização nos anos de 1970 e na defesa do ciclismo. Conectados entre as cidades holandesas e ligados por uma estrutura política, legal e de planejamento comuns, os manifestantes urbanos trabalharam junto com atores governamentais para promover três inovações que apoiam o ciclismo: 


1) o woonerf, um ambiente de tráfego de baixa velocidade, eliminando distinções entre espaço para pedestres e carros, que desencoraja a circulação dos veículos motorizados; 

2) áreas centrais com comércio intenso e restrição a carros, projetadas para priorizar pedestres e ciclistas;

3) criação de "memorandos de estrangulamento", uma ferramenta que permitia à  comunidade notificar e denunciar qualquer obstáculo à prática do ciclismo.


O artigo (em inglês), também faz uma análise detalhada da formação dos grupos de pressão que lutaram pelo estímulo ao ciclismo, mostra como a mídia foi ganha para a campanha, e revela a invejável colaboração obtida por parte dos governantes, que abraçaram os protestos e trabalharam em conjunto com as organizações sociais para implantar as medidas necessárias.


Mostra que parte das mudanças holandesas já foram tentadas em cidades brasileiras, como as ruas de pedestres, ainda nos anos 1970, mas indica a necessidade de uma organização firme e duradoura da sociedade para manter as suas conquistas durante governos menos abertos ao diálogo democrático.


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Mobility protests in the Netherlands of the 1970s
Activism, innovation, and transitions

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