Por que somos tão presos aos automóveis? Como se construiu a hegemonia do automóvel no século XX e como fazer para desmontar esse processo ainda no século XXI? Para responder a essas perguntas, faz-se necessário buscar entender o lugar que o automóvel ocupa no imaginário contemporâneo.
Há de concordar-se com Jaime Lerner, quando ele diz que temos, em relação aos automóveis, um desafio pela frente muito semelhante à luta contra o tabagismo. Um hábito profundamente entranhado na consciência social do planeta inteiro, mas que, diante do mal que causa à sociedade, precisa ser desestimulado.
Quebrar a relação de glamour entre o motorista e seu automóvel parece ser o desafio colocado diante da nossa geração. Da mesma forma como a geração anterior desmistificou a relação de glamour entre o fumante e o cigarro. Mas, para isso, é preciso entender como se formou essa relação identitária entre o ser humano e sua máquina de transporte com motor a explosão.
Artigo publicado originalmente em "Cidade e Movimento - Mobilidades e Interações no Desenvolvimento Urbano", Org.: Renato Balbim, Cleandro Krause e Clarisse Cunha Linke, ITDP, IPEA,Brasília, 2016,