A maioria dos moradores, comerciantes e visitantes da Paulista Aberta aprova a transformação da famosa avenida paulistana em um parque domingueiro. Quase a totalidade dos frequentadores (97%) é favorável ao fechamento da avenida ao tráfego para o uso de pedestres e ciclistas. E entre os ocupantes dos imóveis da região, 71% dos moradores e 86% dos comerciantes de lojas aprovam a experiência.
Os dados foram aferidos por uma ampla pesquisa, com dados coletados entre outubro e novembro de 2018, em trabalho coordenado pelo Labmob/ProUrb/UFRJ, com apoio das organizações Bike Anjo, Corrida Amiga e ITDP. Os resultados do trabalho foram discutidos na noite desta segunda-feira (20), em evento que reuniu representantes de moradores, políticos, pesquisadores, ativistas e urbanistas no auditório Eva Herz, da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na mesma avenida Paulista.
A Paulista Aberta nasceu a partir do estímulo das organizações Cidade Ativa, Minha Sampa e Sampapé, que realizaram uma série de atividades nas calçadas da avenida Paulista no ano de 2014. Em 2015, a Prefeitura de São Paulo fez algumas experiências de fechamento da via ao tráfego, o que permitiu o aperfeiçoamento da ação até sua consolidação no Programa Ruas Abertas, pelo Decreto 57.086/2016. O decreto previa a expansão da experiência para outras avenidas de São Paulo, mas a mudança na gestão municipal, em 2017, interrompeu o processo.
Marcela Kanitz, do LabMob/UFRJ, apresenta o estudo no evento de segunda-feira, em São Paulo
A pesquisadora Marcela Kanitz, do LabMob/UFRJ, explicou que a pesquisa procurou identificar indicadores em quatro dimensões (Ambiental, Urbana, Econômica e Social), buscando entender os impactos positivos e negativos em poluição acústica e atmosférica, ganhos (ou perdas) no comércio local, segurança pública, lazer e esporte, saúde, valorização imobiliária e mobilidade urbana, entre outros aspectos. Para comparação, as mesmas aferições foram realizadas em outra avenida da capital, a Faria Lima, que não tem seu tráfego fechado aos domingos.
Na etapa de debates, comandada pela jornalista Natália Garcia, participaram a advogada Vilma Peramezza (Associação Paulista Viva), Ana Carolina Nunes (Sampapé), Douglas Roque Andrade (USP), o vereador Police Neto e a pesquisadora Marcela Kanitz. Seguiu-se um debate com o público presente, do qual surgiram novas demandas:
- Controle da poluição sonora, para evitar transtornos aos moradores;
- Ampliação para outras vias da cidade, em outras regiões, ou revezamento da atividade por outros locais da cidade;
- Implantação de bancos para descanso, banheiros públicos e outros itens de mobiliário para atender o público;
- Retomada de atividades do Conselho do Programa Ruas Abertas.