Com base em um estudo que acompanhou crianças de duas instituições educacionais públicas situadas no Plano Piloto de Brasília (um Centro de Educação Infantil e uma Escola-Classe), foi possível traçar um perfil das práticas de circulação dessa população.
Depois de apresentar a concepção inicial dos planejadores de Brasília para a mobilidade de crianças, o trabalho passa a analisar os dados gerados na pesquisa.
Os resultados mostram que apenas 4% das crianças vão para a escola a pé e 57% têm que viajar mais de 20 km por dia apenas em seus trajetos casa-escola-casa. Ou seja, a estrutura urbana da cidade e a oferta limitada de educação pública não permitiram que a utopia idealizada para Brasília se realizasse.
Utopia manifestada nas propostas do educador Anísio Teixeira, que no início da década de 1960 objetivava “distribuir equitativa e equidistantemente as escolas no Plano-Piloto e Cidades--Satélites, de modo que a criança percorresse o menor trajeto possível para atingir a escola, sem interferência do tráfego de veículos, para a comodidade e tranquilidade de pais e alunos”.
Este artigo é resultado do estudo realizado pelos pesquisadores Fernanda Müller, Leonardo Monteiro Monasterio e Cristian Pedro Rubini Dutra (Grupo Interdisciplinar de Pesquisa sobre a Infância da Universidade de Brasília-UnB).