O estudo parte da noção de que a mobilidade urbana não é neutra em relação ao gênero. Que questões de raça e classe também apontam desigualdades no acesso às oportunidades oferecidas nas cidades. Entre as conclusões, a pesquisa aponta que investimentos que priorizam deslocamentos em transporte individual motorizado trazem impactos negativos não só nos padrões de desenvolvimento urbano para todos, mas também aumentam a desigualdade de acesso à cidade, sendo as mulheres de baixa renda e moradoras de regiões periféricas as mais prejudicadas e as mais expostas aos riscos da violência e da exclusão social.
Mostra ainda que as soluções para garantir o direito à mobilidade e permitir às mulheres o usufruto do tempo de forma mais equitativa passará pela promoção de um desenho urbano inclusivo, com planejamento coordenado entre mobilidade e uso e ocupação do solo, adequado para os grupos mais vulneráveis — mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. No desenho de ruas, o poder público deve considerar o compartilhamento do sistema viário entre todos os usuários, com velocidades reduzidas, que priorizem os modos mais afeitos aos interesses dos de maior vulnerabilidade, entre eles as mulheres, e que não excluam ninguém: a caminhada, a bicicleta e o transporte público coletivo. Para isso, é fundamental alocar melhor os recursos para cidades sustentáveis, equitativas e de baixo carbono.