Neste primeiro de abril, a maratona #CalçadaCilada apresenta um flash da situação enfrentada por quem caminha nas cidades brasileiras. Em um mês foram quase quinhentos registros, em sessenta cidades, com destaque para Brasília e São Paulo
Caminhada com as Crianças na campanha Calçada Cilada: “curativo” para mostrar problemas em calçadas em Brasília-DF. Foto: Uirá Lourenço
Um primeiro balanço da maratona #CalçadaCilada será feito amanhã, 1º de abril, no auditório da Fiam-Faam, em São Paulo. Apesar da data, conhecida internacionalmente como o "Dia da Mentira", cerca de 500 verdades sobre as condições das calçadas brasileiras serão colocadas na mesa do encontro Caminhos para as Calçadas no Brasil. Tudo com base nas fotos e denúncias de ciladas registradas pelos 490 e tantos participantes da maratona. São Paulo (180) e Brasília (133) são as cidades com maior ativismo, seguidas por Goiânia, Guarulhos, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife, além de outras 60 localidades brasileiras. A maior presença de Brasília e São Paulo tem uma explicação: no dia 19 de março a campanha teve o reforço da Caminhada com as Crianças na campanha Calçada Cilada, atividade que reuniu uma galerinha combativa para marcar - com curativos - as cicatrizes e ferimentos encontrados nas calçadas paulistanas e brasilienses.
Os resultados reiteram o que encontramos entre 2012 e 2013, durante a Campanha Calçadas do Brasil: buracos, degraus, rampas de carros, postes e outros obstáculos que impedem a passagem das pessoas, em especial os idosos e pessoas com deficiência, como a Raquel Arruda, uma cadeirante que acaba de lançar o blog Acessibilidade sobre Rodas, onde pretende discutir as dificuldades que cadeirantes encontram para circular pelas ruas e também no transporte público.
Por falar em ativismo, o blog Cidade Ativa lembra que a Organização Mundial da Saúde definiu os anos 2010-2020 como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. A ideia é estimular governos de todo o mundo a tomar novas medidas para reduzir em 50% os níveis de mortalidade e lesões por acidentes de trânsito. O post apoia-se em exemplos de Curitiba, São Paulo e Nova York, para mostrar como o desenho urbano é importante para reduzir acidentes e preservar a segurança de pedestres, ciclistas e motoristas que compartilham os mesmos espaços urbanos.
E da Inglaterra, temos o resultado de uma pesquisa que identificou um nível de estresse 40% menor nas pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte, em comparação com motoristas. Nas redes sociais, alguns ciclistas paulistanos chegaram a contestar a informação e lembraram que pedalar no Brasil também é uma atividade muuuito estressante por conta dos riscos, do ruído e da poluição nas ruas da cidade. Não é mentira, mas entre ficar preso no trânsito, ou ficar "enlatado" no metrô em horário de rush, eu que já passei dos sessenta prefiro a liberdade de ver o céu, a copa das árvores e as verdades, nem sempre bonitas, do caminho.
Em tempo: o debate Caminhos para as Calçadas no Brasil será transmitido ao vivo pela internet. O Mobilize também estará presente no encontro.
E o mais importante: a maratona #CalçadaCilada segue até o final de semana, com mutirões no sábado (2) e domingo (3). Assista, participe, mobilize-se!
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil