Bicibloco, em Brasília, 2014. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Duas notícias, em especial, atraíram nossos leitores nesta semana. A primeira vem do Senado e anuncia uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 27/2015) para isentar de impostos as "bicicletas, suas partes e peças separadas, de fabricação nacional". O Brasil ocupa a quinta posição no mercado global de bicicletas mas é o 22º colocado em bicicletas per capita, muito em função do alto custo das bikes vendidas no país, argumenta o senador Eduardo Amorim (PSC), autor da ideia.
A segunda notícia também chega sobre duas rodas, desta vez da Câmara Municipal de São Paulo, onde um projeto de lei sugere a criação do "Programa Bike SP" e institui o "Cartão do Ciclista", um bônus mensal no valor mínimo de R$ 50,00 aos trabalhadores que usarem a bicicleta ao menos três vezes por semana. O valor mensal seria pago pelos empregadores, que por sua vez ganhariam abatimentos no imposto predial (IPTU). Como resultado, a cidade poderia ter menos carros nas ruas e um certo desafogo nos transportes coletivos, além dos ganhos de saúde e na redução da poluição atmosférica.
Tal como em Curitiba, onde a prefeitura local começa a implantar mais uma "Via Calma", agora nas avenidas João Gualberto e Paraná, que passarão a ser espaços compartilhados entre ciclistas e motoristas, com velocidade máxima de 30 km por hora e prioridade para a bicicleta. A novidade dá seguimento à primeira experiência, na av. Sete de Setembro, que foi bem acolhida por ciclistas, motoristas e pedestres.
De Brasília, nosso colaborador Uirá Lourenço escreve para defender o projeto de ciclovias no bairro de Águas Claras, em Taguatinga, uma das regiões administrativas do Distrito Federal, alvo de uma polêmica assim que a obra começou a ser demarcada no asfalto.
No decorrer das discussões em Águas Claras, o governo do DF apresentou o projeto Mobilidade Ativa, que foi discutido com moradores e interessados. Além de ciclofaixa, ciclovia e calçada compartilhada, o limite de velocidade nas vias também será reduzido, para aumentar a segurança de todos, mas especialmente de pedestres, esses seres esquecidos, como lembra Meli Malatesta, em seu blog Pé de Igualdade.
Meli aborda as festividades dos 462 anos de São Paulo e mostra que mesmo com a política de valorização da chamada mobilidade ativa na capital paulista, quem anda a pé continua desprestigiado pelo poder público. A cidade já era ruim para caminhantes já no século XIX, lembra ela, citando o poeta Álvares de Azevedo. E, infelizmente, continua assim.
Mas é Carnaval, lembra outro poeta, de pai paulista, avô pernambucano e bisavô mineiro. Ele é carioca, tal como a Carolina Moraes, criadora da comunidade Linha 580 te leva às alturas, uma página dedicada ao dia a dia na linha de ônibus Largo do Machado-Cristo Redentor. Agora, ela está reunindo fotos de gente fantasiada circulando a pé, de trem, de bicicleta, como o pessoal aí de cima. Ou de ônibus, como o 580 aqui embaixo :-)
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil