Os primeiros sintomas desse estranho fenômeno foram notados em Nova York já nos anos 1940 e logo depois na Inglaterra, mas somente no final do século 20 os pesquisadores conseguiram compreender o processo: há sempre uma demanda reprimida de motoristas que gostariam de circular com seus carros, mas que não o fazem por causa dos congestionamentos. Os especialistas calcularam que nos Estados Unidos essa demanda esteja em cerca de 30% do tráfego em circulação. Os dados constam do livro "Suburban Nation: The Rise of Sprawl and the Decline of the American Dream", de Andres Duany, Elizabeth Plater-Zyberk e Speck Jeff.
Esse é um dos pontos que discutimos hoje (5) no Seminário de Engenharia da Mobilidade, em Itabira-MG, com estudantes e professores da Unifei. No encontro, tentamos mostrar aos futuros engenheiros que o grande desafio da mobilidade urbana no século 21 é encontrar, projetar e construir alternativas ao transporte individual motorizado. Tudo disso, sem desfigurar as cidades, sem repetir os excessos cometidos pela cadeia produtiva carro-petróleo-construção civil, que transformou o meio urbano em espaço de disputa, de competição, tal como afirma o engenheiro Lúcio Gregori.
Felizmente, a sociedade brasileira tem se mobilizado para buscar alternativas. Um belo exemplo foi dado durante o Fórum Nordestino da Bicicleta, que aconteceu no último final de semana em Recife-PE. Lá a conversa foi bem além das bikes e avançou para a integração do ciclotransporte aos trens, metrôs, ônibus e barcas, além de discutir a melhoria das condições de circulação também para pedestres.
Afinal, caminhar ainda é uma atividade heróica nas cidades do país e por isso, entre os dias 25 e 28 de novembro, a ANTP realiza em São Paulo o seminário Cidades a Pé, evento que vai reunir especialistas de várias partes do mundo para tratar desse tema de aparência quase simplória: como estimular as pessoas a colocar de novo os pés no chão?