15 de outubro de 2015
Editorial
Mobilidade ativa custa pouco e faz bem à economia do país

Melhorar calçadas, arborizar ruas e construir ciclovias faz bem ao tráfego, reduz a poluição e torna as pessoas e cidades mais saudáveis e competitivas

Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (14) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) reitera aquilo que todos já sabemos: no Brasil o transporte público vai mal, e as pessoas estão perdendo cada vez mais tempo paradas no trânsito.

A novidade é que a situação se agravou em comparação com os dados de 2011: naquele ano, 26% dos entrevistados perdiam mais de uma hora por dia em seus deslocamentos; agora são 31%. O quadro é ainda pior nas cidades com mais de 100 mil habitantes, onde 39% gastam mais de uma hora por dia nas viagens cotidianas. E há uma parcela que perde de duas a mais de três horas diárias.

A CNI realiza essa pesquisa porque o trânsito afeta a produtividade do trabalhador - que chega cansado ao trabalho - e, consequentemente, a competitividade da indústria. Enfim, a irracionalidade no transporte urbano do Brasil faz o país menos competitivo no cenário mundial.

No mesmo dia publicamos outro artigo, assinado pelo especialista Thiago Guimarães (um dos fundadores do Mobilize) que lança a seguinte questão: O que a sociedade brasileira perde ao desprezar e atormentar quem faz viagens a pé? Guimarães argumenta que a redução do "custo-pedestre" deveria ser a diretriz número um da política de mobilidade dos municípios brasileiros.

É claro que as cidades necessitam sistemas racionais de trens, bondes, além de corredores de ônibus e outras modalidades de transporte de média e alta capacidade. Mas, em tempos de crise, construir calçadas e implantar faixas e semáforos de pedestres pode ser um programa barato e muito eficiente para melhorar a fluidez das cidades. Quantas viagens de carro poderiam ser economizadas se os passeios públicos fossem dignos desse nome?

Ainda no campo econômico, o blog Cidade Ativa destaca artigo sobre os gastos públicos com as doenças geradas pelo sedentarismo de quem só anda de carro, não caminha, nem pedala. Apenas para o tratamento das doenças provocadas pelo sobrepeso e obesidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta quase R$ 3,5 bilhões por ano e, se nada for feito, estima-se que em 2025 esse valor poderá chegar a R$ 38 bilhões anuais!

Ao contrário, investimentos que estimulem a mobilidade ativa podem reduzir os custos da saúde pública. Dados internacionais indicam que cada 1$ investido em atividade física gera economia de 3$ em saúde, que podem ser reinvestidos em áreas estratégicas, inclusive em novos projetos de mobilidade urbana.

Enquanto isso, as autoridades ainda relutam em atender a solicitações simples, como a do cidadão que decidiu pintar ele mesmo uma faixa de pedestres na frente da escola de seu filho, em Belo Horizonte, depois de esperar dois anos por providências da prefeitura local. A ação direta rendeu mídia e uma resposta imediata, mesmo que tardia, da BHTrans. E merece ser imitada no Rio, São Paulo, Salvador, Manaus, Porto Alegre, Cuiabá, Aracaju, Belém, Curitiba, Rio Branco etc.

Em tempo: em entrevista na manhã de hoje à rádio CBN, o secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, anunciou que a avenida Paulista será fechada ao tráfego de automóveis aos domingos, a partir deste dia 18. Nós vamos lá para conferir :-)

Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil

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Resumo: O I Fórum Nordestino da Bicicleta terá palestras, oficinas, rodas de discussão, Bike Pólo, apresentação de trabalhos acadêmicos e cases de empreendedorismo relacionados com a bicicleta.
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