Em vez de punir e perseguir ciclistas e pedestres, talvez seja melhor investir em educação
Um projeto de lei em discussão na Câmara Municipal de Belo Horizonte sugere a criação de cursos de trânsito para pessoas que queiram conduzir bicicletas nas cidades. A medida - que aponta para a exigência de uma "carteira de ciclista" - é criticada por organizações de cicloativistas, que a vêem sobretudo como mais um obstáculo para a disseminação do ciclismo urbano.
Como comparar um automóvel, que pesa ao menos 1 tonelada e desenvolve velocidades de mais de 100 km/h, a uma bicicleta que pesa 15 kg, mais o peso do condutor, e circula a 15 km/h, no máximo a 40 km/h?
É verdade que assim como alguns motoristas desrespeitam as leis de trânsito, também há ciclistas que trafegam na contramão, ignoram sinais vermelhos, ou passam pelas calçadas "costurando" entre os pedestres.
Mas, qual é o limite para se exigir um curso ou uma carteira de habilitação? Segundo a lógica do projeto de BH, até mesmo skatistas, patinadores, cadeirantes e pedestres precisariam tirar um "brevê" para circular com seus "veículos" pelas ruas e avenidas.
O caminho que nos parece mais lógico passa pela educação, e não apenas de ciclistas. Programas de formação sobre as regras de trânsito precisam ser implantados nas escolas, desde os primeiros anos de vida dos "pequenos cidadãos" e seguir, permanentemente, em campanhas nas universidades, empresas, igrejas, pela tevê, internet, e até mesmo nos estádios de futebol. E ainda a fiscalização constante - afinal as cidades têm milhões de câmeras e radares - para fechar o cerco aos mais afobadinhos.
O Brasil ostenta a triste cifra de 45 mil mortes e 400 mil feridos - todos os anos - em acidentes de trânsito. E a culpa, me desculpem, não é dos ciclistas e nem dos pedestres.