É Carnaval. Mobilize-se, vá para a rua...
Recife: ônibus (e motorista) decorados para o Carnaval (foto Roberta Guimarães / UOL)
Recife, Salvador, Rio, São Paulo não parecem as mesmas cidades nestes dias que antecedem o Carnaval. As ruas já estão tomadas pelos blocos e bandas, que continuam a crescer em todo o país, e mesmo os trens, metrôs, barcas e ônibus ganham novas cores e sons, numa grande celebração urbana.
Nem tudo, porém, é festa, como mostra o texto de George Almeida e Raffaella Grossi sobre os problemas provocados pelas instalações provisórias na cidade de Salvador: praças, calçadas, ciclovias, tudo fica bloqueado, impedindo a passagem, até mesmo dos foliões.
O que fazer? Talvez processar as autoridades, como fez um pedestre que sofreu queda por conta de um buraco na cidade de Sobradinho, no Distrito Federal. Ou, outra alternativa, podemos compor uma marchinha para achincalhar o pouco caso com que prefeitos, secretários e governadores tratam a "coisa" pública. Melhor mesmo é brincar - ninguém é de ferro - e logo depois entrar na Justiça.
Enquanto brincamos aqui, a vizinha Colômbia recebe a 4ª edição do Fórum Mundial da Bicicleta, que desta vez vai tratar do tema "Cidades para Todos". A proposta é discutir as cidades em benefício das pessoas: crianças, idosos, cadeirantes e também ciclistas. Nosso correspondente, Yuriê César, está no país e promete contar tudo, tintim por tintim, direto de Bogotá e Medellin.
Pedalando em outro continente, o blogueiro Guilherme Tampieri, do Mobilize Europa mostra que na França as autoridades estimulam mesmo o uso da bicicleta e até pagam um prêmio aos cidadãos que aceitem ir e voltar ao trabalho de bicicleta.
A propósito, de volta ao Brasil, as bicicletas e ciclovias continuam no fio da navalha da opinião pública, especialmente da grande imprensa. Nesta semana, a revista Veja SP publicou extensa matéria sobre a nova infraestrutura cicloviária de São Paulo, com uma interessante avaliação sobre a qualidade dos quase 220 km construídos. O trabalho da "Vejinha" derrapou apenas em uma confusão, que acabou indo para a capa da edição: segundo o cálculo da revista, as ciclofaixas e ciclovias paulistanas teriam um custo médio de 650 milhões de reais, talvez o mais alto do mundo. O erro foi prontamente apontado pelo Blog da Mobilidade e depois pela própria prefeitura, em nota oficial.
Não por acaso, na mesma semana a equipe do Mobilize andava pedalando por várias dessas vias da cidade, fotografando e avaliando o estado dessa infraestrutura, que - de fato - está longe do desejável. Daí, fomos entrevistar a arquiteta e urbanista Suzana Nogueira, da Companhia de Engenharia de Tráfego, que está coordenando a implantação do Plano Cicloviário de São Paulo. Ela reconhece que há problemas, mas justifica tudo pela "necessidade de demonstração". Apoiamos, com alguma reserva, mas apoiamos a iniciativa. Nova York também fez assim...só que lá o asfalto não tem tantos buracos, a limpeza pública funciona melhor, as calçadas são bem tratadas e a sinalização é refeita assim que ocorre uma obra.
Também circulando pelo mundo desenvolvido, a blogueira Mila Guedes, do Milalá, mostra como a vida é mais fácil para os pedestres e cadeirantes que vivem no Canadá, mesmo em Québec, uma cidade histórica, murada, que ainda tem alguns obstáculos para as pessoas com alguma deficiência física. Enfim, o mundo não é mesmo perfeito, mas podemos fazê-lo sempre melhor. Mobilize-se e faça sua parte.
Um ótimo Carnaval a todos!
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil