Mobilidade urbana em dados e nas ruas do Brasil
O Estudo Mobilize 2022 nasce para tornar o universo da mobilidade
urbana acessível e legível a qualquer cidadão que tenha interesse em
se apropriar do tema. Não é exatamente um trabalho científico, mas
talvez possa ser considerado um híbrido entre a ciência e o jornalismo.
Uma pesquisa inicial, em órgãos oficiais, universidades e organizações
da sociedade revelou a existência de alguns bancos de dados já
estruturados, embora incompletos, sobre os temas da mobilidade
urbana. Para evitar redundâncias, a equipe do Estudo procurou analisar
as informações disponíveis e compilá-las em formatos adequados
para inserção e comparação com outros indicadores.
Após essa primeira avaliação dos dados disponíveis, definiu-se uma
estratégia em três frentes de trabalho:
• Pesquisa de dados estatísticos em instituições como o IBGE, Embrapa, Secretaria Nacional de Mobilidade (Semob/MDR), além das prefeituras das capitais e órgãos de gestão metropolitana;
• Avaliações de campo sobre as condições de mobilidade nas capitais, com o apoio de parceiros locais, selecionados especialmente para essa atividade;
• Entrevistas com esses agentes locais sobre suas percepções subjetivas e com representantes das prefeituras e outros órgãos da gestão pública.
Essa abordagem permitiu entender, de um lado, as visões, propostas
e limitações dos gestores públicos, e na outra ponta, apreender a
experiência de colaboradores que saíram às ruas para caminhar,
pedalar, circular de ônibus, trens, metrôs, barcas, VLTs e BRTs, de forma
a avaliar a qualidade, segurança e conforto dos meios de locomoção
em suas cidades.
Em algumas capitais contamos com o apoio de coletivos, organizações
sociais e grupos de pesquisa ligados a universidades, permitindo um
mergulho mais abrangente nas condições das cidades. Exemplar foi
o resultado obtido em Aracaju (SE), graças à participação intensa
do Coletivo de Urbanismo Colaborativo (UrbocoLab). Destacamos,
também, a participação do núcleo do Corrida Amiga, em Belo
Horizonte, da organização Brasília para Pessoas, no Distrito Federal,
do grupo de pesquisa Epura/UFMT, em Cuiabá, do Caminha Rio, no
Rio de Janeiro, do Observatório de Mobilidade Salvador, do Centro de
Defesa Ferreira de Sousa, em Teresina, e do Laboratório de Estudos em
Acessibilidade e Mobilidade da UFPI.
A maior dificuldade para a conclusão deste trabalho foi encontrada
nos gabinetes governamentais. Durante dois meses, a equipe procurou
fazer contato com todas as prefeituras e encaminhou um questionário
com uma série de perguntas sobre a cidade, como a oferta de ônibus,
trens, metrô, condições de calçadas, arborização, ciclovias e outras
infraestruturas, além do estágio do plano de mobilidade e a maior ou
menor abertura da gestão municipal para a participação da cidadania.
Em muitas capitais foi necessário o recurso à Lei de Acesso à
Informação (LAI), mesmo assim com respostas parciais ou escapistas,
sem resolução. Desta forma, em algumas cidades o Estudo não
conseguiu fechar todos os campos de informação e também não
contou com entrevistas de gestores públicos.