Nesta semana participei com o pessoal da Corrida Amiga e do Sampapé de um safári urbano para mapear as calçadas da Rua Padre Manoel da Nóbrega, que liga a avenida Paulista ao Parque do Ibirapuera. Como ela corta transversalmente o espigão da Paulista, apresenta um trecho de rampa íngreme entre a rua Tutóia e a alameda Santos.
Durante o mapeamento nossas anotações se intensificaram em uma das quadras onde me chamou a atenção uma longa sequência de quebras longitudinais da calçada, decorrente das saídas das áreas de estacionamento dos lotes. Neste momento resolvi parar um pouco minha caminhada e olhar para trás.
Qual não foi a minha surpresa quando me deparei com isto:
Na hora me lembrei das escadarias que dão acesso às igrejas situadas nos pontos mais altos do município ou região onde estão inseridas. Para ser sincera, lembrei-me especificamente da escadaria da Igreja de Nosso senhor do Bonfim, em Salvador, onde anualmente é realizada cerimônia do sincretismo religioso local que culmina com sua lavagem por mães de santo.
Imaginei a mesma cerimônia ali, naquelas escadarias! É claro que em plena crise hídrica, a lavação poderia ser substituída por uma animada varrição, em devoção ao santo ou santa protetor do pedestre, que por sinal deve ter muito trabalho ali.
Tudo isso só porque os problemas de acesso veicular e a pé dos lotes lindeiros são solucionados no espaço público da calçada numa escancarada e criminosa demonstração de privatização deste espaço.
Alô autoridades de plantão cuidando do bem estar do cidadão paulistano usuário do
sistema viário, que tal dar um jeito nisso?