Passos e Espaços

02
agosto
Publicado por Irene Quintáns no dia 02 de agosto de 2017

Pesquisa da OMO (2016) realizada com 12.000 famílias de dez países, diz que crianças passam menos tempo ao ar livre que presidiários (normas internacionais recomendam como mínimo uma hora de atividade física externa nos presídios). De acordo com o estudo, as crianças raramente passam mais de 30 minutos por dia ao ar livre, e despendem 50% a mais do seu tempo brincando em frente às telas de computadores e jogos eletrônicos do que do lado de fora de casa.
 

Espantada com este resultado, a OMO lançou uma campanha chamada “Libertem as crianças”, assinada pelo publicitário Ken Robinson, conhecido pelo trabalho com criatividade, inovação e educação, e por Stuart Brown, diretor do Instituto Nacional do Jogo.
 

Anterior ao estudo da OMO e ao programa Ruas Abertas de São Paulo, o post  “Liberdade na cidade? interstícios urbanos” abordou o início das Ruas de lazer na cidade, a CRA – Ciclovias Recreativas de las Américas  e outros temas. 

 

Brincandando IPA Brasil

(Nas fotos acima, evento Brincandando da IPA Brasil, Associação Brasileira pelo Direito de Brincar e à cultura, nas edições de 2014 e 2015 em São Paulo).
 
 

Nesta semana foram publicados vários estudos sobre as Playing out Streets ou Play Streets da Grã Bretanha, onde são mostradas fortes evidencias sobre seus benefícios. Reproduzimos na integra o texto traduzido para o português. Pode-se ler o original aqui http://playingout.net/street-play-is-good-for-health-and-communities/

 

NOVAS EVIDÊNCIAS DOS IMPACTOS DAS RUAS DO BRINCAR

 

StreetPlay2

 
Crianças mais saudáveis e comunidades mais felizes é o impacto produzido pelas Ruas do Brincar (Playing out)! É o que confirmam três informes publicados neste final de julho:
 

(1) PLAYING OUT Streets
 

Playing out
 
Primeiramente, uma pesquisa aplicada na rede britânica das “Playing out” streets mostrou como o modelo provisório da Rua do Brincar está causando uma repercussão profunda nas crianças, adultos e em toda a comunidade de cada rua.
 
Os principais impactos verificados são:
 
__A maioria das pessoas atestou que as crianças aprenderam ou melhoraram suas habilidades físicas e competências sociais, como andar de bicicleta (80%) e interagir com outras crianças (88%)

__A maioria afirmou que graças ao resultado das ruas do brincar elas conheceram mais pessoas vizinhas de sua rua (91%) e passaram a ter um maior sentimento de pertencimento em relação ao seu bairro (84%)

__Como destaque, em tempos nos quais as ações comunitárias são mais importantes do que nunca, aproximadamente um terço dos pesquisados respondeu que participar das ruas do brincar os levou a estar mais envolvidos com outros grupos e atividades comunitárias.

 
Um pai relatou: “Eu me sinto mais engajado para realizar mudanças positivas em minha comunidade e na rua onde moro. Eu sinto com mais força que pertenço à minha rua, o que me deixa mais confiante para dar maior independência a minha filha”. Pode acessar a reportagem completa aqui Playing Out Survey Report 2017 
 
Playing out UK
 
(2) Estudo de Avaliação da Universidade de Bristol
 
Dois outros importantes e recentes estudos pesquisando os impactos das Ruas do brincar foram publicados. Ambos se baseiam no projeto desenvolvido entre 2013 e 2016, do Departamento de Saúde britânico, no qual Playing Out é um parceiro chave, junto com Play England and London Play.
 
O estudo de Bristol apresentou principalmente os  efeitos produzidos nas crianças. A professora Angie Page, em seu trabalho “Por que o fechamento temporário das ruas para o brincar faz sentido para a saúde pública”,  mostra como essas soluções simples e de baixo custo podem trazer “uma grande contribuição para os níveis de atividade física das crianças”, sendo que as crianças que participam das ruas do brincar realizam entre três a cinco vezes mais atividade do que num dia “normal” após voltarem da escola.
 
Usando GPSs e acelerômetros, verificou-se que as crianças estiveram fora de casa em uma grande parte do tempo (>70%) em que as ruas eram fechadas aos carros e abertas para o brincar, e gastaram em média 16 minutos por hora com atividade física de moderada a vigorosa. Um outro resultado percebido foi de que este brincar ativo e do lado de fora das casas as incentivava mais a sair do sedentarismo do que as atividades esportivas.
 
Play street Australia
 
(3) Informe Play England: Ruas do Brincar em regiões desfavorecidas
 
O informe consolidado “Iniciativas de Ruas do Brincar em regiões desfavorecidas: experiências e temas emergentes”  foi escrito pelo pesquisador e autor Tim Gill. Baseado em entrevistas com pessoas envolvidas com Ruas do Brincar de cinco municipalidades, o informe destaca as barreiras mais comuns que os moradores sofrem para organizar Ruas do Brincar e alguns fatores particulares -desafios e vantagens- relacionados às áreas de brincar em áreas mais carentes.
 

New York PlayStreet
 

Os argumentos para apoiar as Ruas do Brincar
 
As conclusões finais destes estudos é que onde acontece o modelo das Ruas do Brincar, organizadas pelos moradores, há um efeito profundo e duradouro para as crianças e, mais ainda, para a comunidade.
 

Como são atividades de baixo custo, sustentáveis e aplicáveis universalmente, elas transformam em realidade o sonho de qualquer dirigente político.

 
Os governos nacionais, assim como as autoridades locais, precisam redobrar seus esforços para criar políticas públicas e fornecer o suporte prático necessário para que o processo seja simples a ponto de que qualquer morador possa apoiar e sustentar o brincar livre para as crianças do lado de fora de casa.

 

Nota Final
 
A publicação dos estudos nesta semana provocou um grande interesse por parte das mídias sociais e dos meios de comunicação. Começando pela BBC Breakfast TV, a nossa equipe do Playing Out, fantásticos moradores ativistas das Ruas do Brincar e crianças, amigos especialistas como Tim Gill e Adrian Voce, colegas da Universidade de Bristol…todos realizamos umas vinte entrevistas só na segunda feira 31 de julho. Deixamos aqui algumas das matérias:
 

Telegraphhttp://www.telegraph.co.uk/science/2017/07/31/close-roads-children-can-play-street-like-parents-did-say-public/
 

BBC Breakfasthttp://www.bbc.co.uk/iplayer/episode/b08zhd4l/breakfast-31072017 (at 1:23:44)
 

BBC Woman’s Hourhttp://www.bbc.co.uk/programmes/b08z983h (select Playing Out ‘chapter’)
 
BBC Points Westhttp://www.bbc.co.uk/iplayer/episode/b08zdyfx/points-west-evening-news-31072017 (at 14.15 – only available until 1//8/17)
 

Child in the City https://www.childinthecity.org/2017/07/31/new-research-highlights-impact-of-street-play/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=Newsletter%20week%202017-31
 

Play street old

 

_____________________

Fotomontagem 1: Irene Quintáns. Brincandando 2014 e 2015, IPA Brasil (Brasil)

Foto 2: Play England  (UK)

Foto 3: Playing Out (UK)

Foto 4: Playstreet Australia (Australia)

Foto 5: Play Streets New York (EUA). Fonte: www.nycitysnaps.com

Foto 6: Play Street London (UK) Fonte: http://www.communityloversguide.org/pageos/



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Irene Irene Quintáns é arquiteta urbanista com pós-graduação em Estudos Territoriais, Políticas Sociais, Mobilidade, Habitação e Gestão Urbanística. Trabalhou nas Prefeituras de Barcelona e São Paulo (SEHAB, Obra de Urbanização de Paraisópolis). Fundadora e diretora da Rede OCARA (www.redocara.com), rede latino-americana de experiências e projetos sobre cidade, arte, arquitetura, mobilidade urbana e espaço público nos quais participam crianças. Através da Rede amplifica experiências, articula projetos em rede e organiza oficinas e palestras para dinamizar o pensamento crítico infantil e adulto sobre temas urbanos. Afiliada a IPA Brasil, Associação Brasileira pelo Direito de Brincar e à Cultura (ipabrasil.org).
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