O Brasil é sede da Paralimpíada e ainda assim nenhuma grande emissora aberta de tevê foi capaz de transmitir a cerimônia de abertura dos jogos. Apenas a TV Brasil acompanhou todo o evento e a TV Cultura fez malabarismos para transmitir partes da solenidade de abertura.
O estádio do Maracanã foi palco de um dos momentos mais emocionantes que o Brasil poderia vivenciar. A cerimônia de abertura da Paralimpíada do Rio-2016 contou com um público gigantesco, foi brilhante, bem pensada, reflexiva, tocante.
- Delegação brasileira na abertura da Paralimpíada 2016, no Rio – Descrição da imagem #PraCegoVer: Porta-bandeira da delegação movimenta a bandeira nacional, seguida por dezenas de atletas em cadeiras de rodas que acenam, felizes, para o público
Mas, a festa que vai muito além da celebração do esporte – valoriza as diferenças e o poder de superação do ser humano – passou batido por muita gente. No Brasil, muitos brasileiros não puderam conferir a abertura dos Jogos Paralimpícos.
Ao contrário do que aconteceu na Olimpíada, que virou destaque na programação das principais emissoras do país, a transmissão da festa de ontem no Rio foi programada para ser exibida apenas por dois canais de televisão. Nosso país está tendo a chance de construir uma nova mentalidade na população, de valorização da diversidade humana, da superação, da tolerância, do respeito… mas a TV aberta com grande abrangência ignorou um momento chave para chamar atenção para tudo isso. Com essa atitude simplesmente deixou de cumprir um de seus principais papeis: o de informar.
Nossos paratletas, que se superam diante de todas as dificuldades de um Brasi,l sem acessos, sem patrocínio ou grandes apoios, compõem uma das maiores potencias mundiais do paradesporto. Eles carregam no peito medalhas e o orgulho de representar o País. Mas no momento em que têm a oportunidade de dividir todos esses esforços com seu povo, em seu próprio país, são colocados à margem da grande mídia.
Faltou compromisso com os paratletas do mundo todo e com os brasileiros, que foram tolhidos de ver um espetáculo pulsante e, acima de tudo, sobre a valorização da vida.