“Assento reservado para idosos, gestantes, pessoas com criança de colo ou com deficiência”. Em algum momento da sua vida você já leu esta expressão em algum lugar. A mesma coisa vale para os símbolos que circundam a nossa metrópole, como aqueles que ilustram as placas de proibido estacionar, as vagas reservadas e as filas de atendimento preferencial.
Imagine agora, você mesmo, ilustrado em uma destas placas – não como um idoso, nem uma gestante ou pessoa com deficiência. Longe disso, afinal, você não tem filhos, tampouco uma deficiência e, ainda por cima, só tem 30 anos e não faz parte da turma das ‘necessidades especiais’.
Pois bem, proponho que você se imagine como um protagonista da mobilidade urbana da sua cidade. Você pode escolher ser representado pelo símbolo do cidadão consciente, como também pode optar por um modelo mais comum, o típico condescendente com as desigualdades. A escolha é sua, bem como a cidade e as conseqüências do (não) cuidado que dispomos a ela e os seus moradores, os verdadeiros responsáveis por garantir beleza e vida ao lugar em que vivemos.
Em grandes capitais não é difícil encontrar quem ignore dizeres claros de cidadania. Isso acontece, muitas vezes, por falta de iniciativas que, simplesmente, instiguem as pessoas a pensarem em outras pessoas. Talvez seja por isso que gestos simples tornam-se grandiosos hoje em dia. São estas pequenas ações que ofuscam uma civilidade que anda meio perdida, em algum lugar desta selva urbana, cheia de pessoas diferentes, feitas de carne e osso e diferentes das imagens que desenham a cidade e os seus serviços.
Provavelmente, um dia, estes signos representarão você. Em ao menos uma destas imagens você se verá, já que a lei da vida prevê o envelhecimento a todos nós. E privilegiados aqueles que daqui alguns anos serão representados pelo símbolo da bengala. Eles terão passado pelas agrúrias do dia a dia, mas também pelo prazer de vivenciar bons gestos.