O que subtrai o prazer de um verão na praia? Uma deficiência ou a falta de acesso nas cidades litorâneas?
Deficiência ou falta de acessibilidade?
A condição física ou sensorial de uma pessoa não a impede de desfrutar das belezas e atrações de um lugar. Depois de tetra, tive a incrível experiência de surfar. Apaixonada por água como sempre fui, não pude deixar de aceitar o convite do meu amigo Taiu, que também é cadeirante e mora no Guarujá, litoral sul de São Paulo.
Fico imaginando, se não fosse pela falta de investimento neste tipo de atividade, quantos surfistas com deficiência não estariam agora desafiando as ondas do nosso litoral brasileiro?
Fora do Brasil, Miami é um ótimo exemplo de que o Desenho Universal pode ser aplicado em qualquer ambiente, com água e areia. Na praia da Ocean Drive, avenida mais badalada da cidade, há uma esteira feita em treliça, construída sobre a areia, permitindo ao cadeirante fazer tranquilamente o trajeto até o ponto da praia. Só não é melhor porque não leva até o mar.
Esteira permite o acesso na areia
Há ainda o Board Walk, um deque de madeira totalmente plano, com corrimão em toda a sua extensão que beira a praia. Lá é comum avistar idosos, mães empurrando carrinhos de bebês, crianças, pessoas com deficiência, jovens… Toda a diversidade humana desfrutando o mesmo espaço.
Lazer e turismo são atividades importantes para a economia de um país, mas também contribuem para o bem estar do indivíduo. Infelizmente, o Brasil está muito aquém, inclusive, do básico. Ainda assim, podemos já contar hoje com programas como o ‘Praia Acessível’, além de agências de viagem especializadas em ecoturismo e turismo radical adaptados.
Surfe adaptado
Depois de cadeirante continuei minha busca por novas aventuras. Quando encontro uma brecha em minha agenda de trabalho me mando para algum canto do mundo, seja ele plenamente acessível ou não. A inquietude da alma nunca tira férias.