Em nosso último post, finalizamos em Faxe, apreciando a linda paisagem da pedreira de calcário (Faxe Limestone Quarry), seguimos em direção à Køge.
A Silvia começou correndo, e depois calçou os patins. Era muito engraçada a reação das pessoas olhando para nós: uma correndo/ patinando e a outra, logo após, com a bike toda carregada…
Nessa viagem, quando uma só tem os pés para se locomover, perder-se ou fazer desvios, em geral, torna-se bem complicado. Tentamos então nos concentrar ao máximo na rota indicada e, quando tínhamos dúvidas, perguntávamos para as pessoas. Quase chegando à Køge, a ponte que precisávamos cruzar, estava em obras e com placas advertindo “passagem proibida”. Pensamos: e agora? Decidimos perguntar o que fazer para um dos trabalhadores, que nos deu uma inesperada resposta: abre a grade e vai. E assim fomos, duas meninas, uma de sandálias, meias amarelas e patins nas mãos, e a outra com a bike toda carregada. Cruzamos a ponte, cumprimentando os outros trabalhadores, e continuamos a nossa rota como se nada de mais tivesse acontecido.
Já em Køge, cidadezinha linda com grande zona de pedestres, já tínhamos percorrido uns 30km. Para chegar até a próxima cidade, Brondby Strand, onde já havíamos contatado o Steffen pelo CouchSurfing (site que conecta viajantes e pessoas que recebem hóspedes pelo mundo gratuitamente), faltavam mais uns 30km (ou mais, até agora não sabemos ao certo o quanto percorremos). Ao momento que decidimos sair de Køge, já eram 15h, então não tínhamos certeza se chegaríamos em Brondby antes de escurecer… Mas decidimos arriscar, tendo sempre em mente que caso algo desse errado, teríamos no caminho pessoas lindas – como nos dias anteriores – para nos ajudar.
Silvia correu mais uns 10 km e na pausa para descanso comeu tudo o que podia encontrar nos alforjes da bike. Após isso, calçou novamente os patins e continuou… Por quilômetros e quilômetros ela foi patinando, cantando, sorrindo, se imaginando num parque de Ibirapuera gigante.
A cada minuto passado nos aproximávamos de nosso destino, mas sabíamos também que a noite se aproximava. Seguimos o caminho que ficava mais perto da água – que às vezes dava o ar da graça na paisagem – e testemunhamos as docas da região “by night”, assim como as dunas. Tínhamos nosso mapinha para mais o menos nos orientar, mas não contávamos com obras de construção bloqueando o único caminho que sabíamos. Seguimos pelo escuro até chegar em uma rodovia deserta… Tivemos a sorte que passou um carro que parou com os nossos sinais e um passageiro nos apontou a direção correta. Faltavam mais alguns quilômetros para chegar em Brondby, então para acelerar a nossa chegada, a Silvia subiu na garupa da bike e juntas fomos, até a casa do Steffen, o nosso host daquela noite.
Steffen é professor e adora receber pessoas em seu lar. Possui até um site onde registra todas as pessoas que se hospedaram na casa dele. Gosta de viajar por ele mesmo e também adora viajar e aprender pelas pessoas que passam na sua casa. Falando de viajem, ele diz que ao viajar de avião, parece que a alma chega alguns dias depois do corpo. Enquanto no ônibus, por exemplo, seu corpo parte, mas parte também a sua alma. Ou seja, na nossa viagem, também experimentamos isso. No ritmo da corrida e a bike de apoio, nós realmente nos sentimos parte de cada local que passamos, de tudo o que estava ao nosso entorno, as casas, as pessoas, os animais, as flores, frutas…
O Steffen nos recebeu muito bem, com comida e vinho, e conversamos até mais de meia noite. Dormimos numa cama muito confortável embaixo de cobertores de seda estilo chinês… Viajem cheia de novas experiências ;). E na manhã seguinte Steffen nos preparou um café da manhã delicioso, com a companhia de Mara e Ana, outras moradores da casa, também pessoas com uma energia super positiva.