A ciclovia do Danúbio segue o rio de mesmo nome, do Mar Negro à Alemanha, passando pela Romênia, Ucrânia, Moldávia, Croácia, Hungria, Eslováquia e Áustria.
O trecho que pelo qual pedalei foi de Viena, a capital austríaca, até Deggendorf, cidade um pouco ao norte de Munique, já na região bávara da Alemanha. Além de cortar diversas cidades históricas e pontos turísticos encantadores, este caminho me possibilitou atravessar praticamente toda a região norte da Áustria, de leste a oeste, utilizando quase exclusivamente caminhos para bicicletas.
Pedalar por esta rota é tão fácil, seguro e atraente que a média de idade dos ciclistas é superior a 60 anos, pelo menos neste percurso. E certamente eu era um dos ciclistas mais jovens fazendo o roteiro.
Vi diversos casais de idosos, grupos da terceira-idade, senhoras e senhores pedalando muitas vezes com cargas mais pesadas do que a minha. Um bom exemplo foi um casal de franceses que conheci, ambos beirando os 70 anos de idade, que haviam saído da costa oeste da França e se dirigiam ao Mar Negro, utilizando apenas a bicicleta.
Também pude observar que muitos viajantes utilizavam bicicletas elétricas, aquelas que contam com uma espécie de “pedal assistido”, que não dispensa totalmente a tração humana, e apenas ajuda os ciclistas nas subidas, por exemplo.
Foi interessante perceber que a ciclovia não percorre a menor distância entre as cidades por onde passa, muito pelo contrário, ela busca sempre atravessar os centros históricos ou as partes mais atraentes de cada região, serpenteando as pequenas vilas. Trata-se, é claro, de uma rota turística, mas vale lembrar que também é utilizada por boa parte dos moradores locais que têm a bicicleta como principal meio de transporte no dia a dia.
Parece mentira, mas na maioria das pequenas cidades se vê mais bicicletas estacionadas em frente aos bares, restaurantes e cafés do que automóveis.
Até os turistas alemães e austríacos, que tradicionalmente vão acampar com seus traillers, levam na bagagem um par de biciletas, para os pequenos deslocamentos ou passeios durante o dia.
Na cidade de Linz, um pólo industrial à beira do rio, passei por uma praça onde um policial austríaco instruía crianças num programa de educação no trânsito. Utilizando bicicletas e pequenos carros movidos a pedal, o policial dividiu a turma em dois grupos e explicou a cada grupo como deveriam proceder nas diversas situações que encontrariam pela frente. A aula ocorreu em tom de brincadeira, mas pela forma como os motoristas daquele país se comportam no trânsito, dá para perceber que os resultados são muito positivos.
Em Deggendorf, já na Alemanha, optei por seguir o rio Isar, pela Isarradweg, até Munique. Não foi nenhuma surpresa perceber que este também era um caminho maravilhoso, e o rio Isar, embora passe no meio de uma das maiores cidades alemãs, é extremamente limpo.
Um funcionário da maior empresa de fornecimento de água da Alemanha, que abastece todo o sul do país, me disse que não existe mais poluição industrial ou esgoto lançado diretamente em águas fluviais em todo o território alemão. O que pode acontecer é ter alguma contaminação decorrente das fezes de animais, como o gado por exemplo, mas que é facilmente tratada.
Todos os rios são preservados e protegidos, e pedalar no seu entorno é sempre saudável, já que a maioria conta com ciclovias bem sinalizadas e acessíveis, banheiros públicos (químicos ou de alvenaria), bancos (muitos deles cobertos) e lixeiras.
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