Pois é, já se foram 2 meses que voltei ao Brasil. Não, não tenho a mesma vida independente que tinha nos EUA. Mas estou tendo uma vida muito boa de descobertas. Comecei a fuçar em coisas que me deixavam completamente realizada lá fora e quando cheguei aqui procurei alternativas próximas para continuar desfrutando de vida boa. Não é que encontrei?
Não sei dizer exatamente por que não sabia da existência, mas até onde entendi, várias coisas já acontecem há muito tempo. Sinto-me totalmente à vontade para dizer que a divulgação é falha e deixa a desejar. Sinto-me à vontade para dizer que isto acontece porque a comunidade empresarial não tem interesse nesta divulgação, e muito menos na participação. Sonho com o momento em que serei vista como consumidora e não apenas como uma pessoa com deficiência. Vou explicar melhor e você vai me entender.
Se havia uma coisa que eu amava fazer nos EUA era ir ao cinema. Tudo preparado com muita acessibilidade para receber as várias deficiências. Era uma delícia chegar em qualquer horário e em qualquer dia e ter tudo lá pra me receber. Uma verdadeira gama de tecnologias para proporcionar a verdadeira inclusão. E, ainda, ver e ouvir muita coisa onde o deficiente é protagonista e não somente plateia.
Fuçando, descobri que aqui em São Paulo existe sala de cinema e festival dos melhores filmes de 2014 com audiodescrição e legenda aberta. Mas foi somente no mês de abril que rolou. Foi o máximo, mas é pena que muitos deficientes tenham época certa para ir ao cinema. Descobri também que a ANCINE colocou em Consulta Pública, até o dia 8 de julho, Notícia Regulatória e Relatório de Análise de Impacto – AIR que discutem a implementação de ações para regulamentar a promoção da acessibilidade em salas de cinema, com disponibilização de recursos de legendagem descritiva, LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, e audiodescrição que possibilitam a fruição de conteúdo audiovisual por pessoas com deficiência visual ou auditiva. Sei que há muito o que fazer, mas fiquei emocionada e esperançosa.