Se você não conhece, a RI Global é uma das maiores instituições do mundo na luta pelos direitos e inclusão de pessoas com deficiência. Eles unem conhecimento, boas práticas e experiências locais em mais de 100 países. E ser convidada pela própria Heidi foi uma grande honra para mim. Nessa organização, líderes do mundo todo se reúnem, inclusive representantes da ONU, para pensar em medidas que irão afirmar os direitos humanos das pessoas com deficiência. São palestras, workshops e muitas ideias compartilhadas, para sair de lá com ações mais concretas, que fazem a diferença no mundo todo. É uma baita responsabilidade…
Em abril, a China foi minha primeira missão e participei da reunião do Comitê Executivo do RI da primavera. E agora, em novembro, estive em Berlim para a reunião de outono, como também para a Assembleia Geral da organização e do Congresso Internacional de Empregabilidade, que ocorreu na Alemanha.
Minha viagem a Berlim não poderia ter sido melhor. Tudo o que vi, ouvi e vivenciei foi incrível, importante e produtivo. Muito aprendizado, conhecimento, troca de informações, conquistas e um monte de lição de casa boa na mala.
Entre uma reunião e outra, aproveitei que estava instalada em um hotel muito bem localizado e realizei várias visitas utilizando transporte público. Foi bem desafiador, fácil e interessante curtir a cidade.
Berlim é uma daquelas cidades que convidam para estar na rua. Totalmente plana, o que facilita e muito a vida das pessoas que andam a pé, rodam em cadeira de rodas e de bicicleta. Existem ciclovias por todos os lados, na rua e em cima das calçadas. Em cima das calçadas? Isso mesmo, e pode ficar tranquilo que a calçada tem espaço suficiente para receber você, a bicicleta e ainda ter áreas de serviço e de acesso. É sensacional! A rede de ciclovias é bem extensa e os motoristas estão bem conscientes do espaço dos ciclistas.
Para nós que utilizamos cadeira de rodas, a maioria das calçadas tem uma superfície lisa feita de placas de pedra, nas faixas laterais, tanto de acesso quanto de serviço, uma espécie de mosaico português. Nas entradas e saídas de veículos, este mosaico está sempre presente. As calçadas correm na sua extensão com um degrau diferenciando-a do viário, porém nas esquinas elas sofrem um leve rebaixamento. Geralmente esta parte mais baixa da calçada é branca.
Vale observar que em todas as esquinas que têm farol, também há sinal sonoro ativo. Eu realmente não me recordo em rodar em alguma calçada que me deixou insegura ou houve necessidade de pedir ajuda. É bom demais rodar em Berlim!
A rede de transporte público é bastante extensa e alcança todos os cantos da cidade. Metrô, trem, VLT e ônibus se conectam de maneira perfeita e inteligente. Na boa, dá vontade de ficar indo e vindo o tempo todo!
Tanto de metrô (U-bahn) quanto de trem (S-bahn), antes de entrar no vagão vale certificar-se de que as estações que você irá utilizar são acessíveis. A internet é uma bela aliada para esta informação. A maioria é, mas vale a confirmação.
Feito isso, dentro da estação, compre o seu bilhete de acordo com o trajeto que irá utilizar, valide na máquina ao lado e espere o seu trem no primeiro vagão. Há trens novos onde o acesso de cadeiras de rodas é muito fácil e há trens velhos onde o acesso somente é feito com rampas, que são colocadas pelo condutor, por isso a necessidade de pegar o trem no primeiro vagão. Quando isso acontecer, diga ao motorista em que estação descerá.
Você verá vários Veículos Leves sobre Trilhos (Tram) circulando pela cidade. Dependendo de onde você for, pode ter certeza de que a opção pelo VLT se torna bem mais interessante. São muitas as estações distribuídas pela cidade e todas são acessíveis. A segunda porta dá acesso a cadeiras de rodas, pois assim que entra já está no local reservado para você parar com segurança.
Para entrar no VLT não há rampas e, às vezes, dependendo da estação, forma um pequeno degrau. Nada grande, mas é bom ficar atento. Vale observar que nas estações em que estive o vão entre a plataforma e o VLT era pequeno. Vale observar, também, que internamente há várias maquininhas para validar o bilhete e, aqui, é importante você já estar com ele em mãos e saber em qual estação descerá, pois a sua comunicação com o condutor pode até acontecer por um sistema de voz presente no local reservado; mas eu não achei muito fácil usar.
E o ônibus? Ah, ônibus em Berlim é tudo de bom também, são vários modelos circulando pela cidade. Há ônibus de dois andares, articulado e básico. Todos trazem a entrada para usuários de cadeiras de rodas na porta do meio, que tem o símbolo de acessibilidade pintado no vidro. Em todos a rampa para o acesso é acionada pelo motorista. Assim que o motorista vê você no ponto, para, desce, puxa a rampa e você entra e diz a ele em qual local/estação descerá. Quando chegar ao seu destino, ele fará a mesma coisa.
Em todos os ônibus há sempre dois locais reservados para cadeiras de rodas e carrinhos de bebê. A prioridade, tanto no embarque quanto nos locais reservados, é sempre das cadeiras de rodas. O espaço interno é maravilhoso e você faz a sua manobra com perfeição. Lembrando de que a rampa fica a alguns centímetros da calçada, facilitando e muito o embarque e o desembarque. E não esqueça de validar o bilhete nas muitas maquininhas distribuídas internamente. Se precisar, o motorista ajuda.
No ônibus, você também faz o pagamento em moedas. O valor dependerá do “tamanho” de sua viagem. Duas descobertas bem positivas: a primeira é que o ônibus nº 100 que você pega na Alexanderplatz circula em quase todos os pontos turísticos da cidade e, também, neste local há um ônibus que leva direto para o Aeroporto Tegel. Ele se chama TXL. Amei ❤!.
Tudo pronto? Respire fundo e boa viagem a Berlim!