Depois de aprender a marchar, será que aprenderemos também a andar a pé? – Instituto Caminhabilidade
Instituto Caminhabilidade

21
junho
Publicado por leticia no dia 21 de junho de 2013

Nos últimos dias, nos acostumamos a ver as ruas cheias, com gente de tudo quanto é idade, interesse e classe social. Está uma coisa linda de se ver! Mas, ainda que o sentimento geral de protesto tenha despertado como um gigante adormecido, será que continuaremos nas ruas, mesmo sem as manifestações?

 

Critica bem humorada de manifestante no Largo da Batata

Critica bem humorada de manifestante no Largo da Batata

Fico pensando se depois de andar quilômetros e quilômetros por ruas que a imensa maioria só transitava de carro ou de ônibus – como Berrini, Faria Lima, Ponte Estaiada e tantas outras -, vamos descobrir como é gostoso passear a pé pela cidade.

 

O carro vai ficar em casa na próxima ida à padaria que fica a quatro quadras de casa?

 

Será que o prazer de ver as ruas lotadas vai virar um bom vício e, assim, todos terão vontade de ocupar também as praças?

 

Será que o sentimento de solidariedade e de segurança de circular por espaços públicos ocupados pelas pessoas de bem vai incentivar um novo hábito?

 

Será que denunciaremos mais as irregularidades em nossos bairros porque as veremos mais, na medida em que circularemos mais, despertando um sentimento de responsabilidade?

 

Av. Paulista em dia comum, na hora do almoço

Av. Paulista em dia comum, na hora do almoço

 

É lindo ver o país acordar, as pessoas saírem às ruas para manifestar a indignação com a situação dos serviços públicos do país. Mas, nós precisamos entender que para deixar de alimentar a lógica de como é feita a política pública, de como são tomadas as decisões e os negócios no Brasil, temos que estar nas ruas todos os dias!

 

Teremos, então, 365 atos por ano? Humm… Sim e não. Não, porque não é preciso marchar, gritar e pedir por tudo todos os dias. Mas, sim, porque podemos incorporar uma nova atitude em nossa rotina, durante os 365 dias do ano, mudando a maneira de interagir com a cidade e com os outros.

Mas, como assim? Bom, as pequenas mudanças de hábito têm um impacto gigantesco, além de não darem trabalho e serem muito prazerosas. Podemos começar, por exemplo, perdendo o medo das ruas e conhecendo os vizinhos e o seu entorno. Ou ainda, acreditando no diálogo com o poder público e usufruindo do canal disponibilizado para isso, o número 156 criado para receber queixas, além de participar das sessões na Câmara Municipal. Ou, quem sabe, começar zelando pela própria rua, fazendo pequenos incrementos como melhorias na iluminação e colocação de bancos nas calçadas.

Av. Paulista na manifestação posterior a revogação do valor das passagens

Av. Paulista na manifestação posterior a revogação do valor das passagens

 

O fato é que para mudar um país, precisamos mudar nós mesmos primeiro. Marchar um dia e depois seguir com os mesmo hábitos, é o mesmo que os políticos fazem ano após ano: prometem mudanças e continuam cometendo as mesmas falcatruas.

 

A mudança desse péssimo hábito da falta de compromisso, do individualismo, do oportunismo e do “deixa que eu deixo”, deve começar de baixo para cima. Uma nova postura em nosso dia a dia no trabalho, nos círculos sociais, para atingir a todas as pessoas e a todos os setores da sociedade.

 

Devemos reivindicar, todos os dias, o nosso direito à cidade, o nosso direito de ir e vir, o nosso direito de expressão e todos os outros direitos. Mas, temos o dever de cumprir nossas obrigações como cidadãos.

 

 

é bom andar a pé...

é bom andar a pé…

 

Vamos continuar andando todos os dias e, assim, estaremos defendendo as nossas bandeiras diariamente e, com certeza, as mudanças que queremos vão acontecer!

 

Vamos começar a mudança agora? É fácil. Basta pensar: o que eu posso fazer pela minha rua hoje?

 

Vá a pé e descubra um mundo de possibilidades para mudar o país!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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