Texto: Maria Lúcia e Uirá Lourenço | Fotos: Uirá Lourenço.
Começamos com uma boa notícia: temos nova colaboradora no Brasília para Pessoas! A Maria Lúcia é economista aposentada e se desloca num triciclo elétrico. Caminhamos juntos, utilizando uma bicicleta e um triciclo pela W3 Sul num domingo de lazer (27/9) para avaliar as condições de acessibilidade.
É um prazer poder contribuir para a melhoria da nossa cidade, especialmente no quesito acessibilidade! Foi um grande desafio fazer esta caminhada. Antes de percorrer a avenida, fizemos um caminho de extrema importância: testar as condições de travessia de um cadeirante pela W3, na altura do setor hospitalar (515/516 Sul). A pergunta era: como estava a acessibilidade para atravessar a avenida e alcançar o setor hospitalar com as calçadas reformadas recentemente, com piso tátil e rampas de acesso? Essa travessia permite que pessoas com cadeira de rodas alcancem o setor hospitalar por meio do transporte público, descendo no ponto de ônibus da 515/516 Sul, ou por quem vem das quadras 100 e 300.
A travessia no final da W3 mostrou algumas dificuldades e obstáculos. Além de não ser feita em linha reta nas duas pistas da avenida, é necessário fazer uma travessia na pista que atravessa a W3 no meio do canteiro central. Foi observado que, apesar de haver rebaixamento do meio fio, as condições das calçadas estão precárias e com buracos.Já foi protocolada na ouvidoria do Governo do Distrito Federal (GDF) solicitação para consertar esse trecho.
Calçada em péssimo estado na parte central da travessia para o setor hospitalar.
Vencidos esses obstáculos na travessia, é tranquilo o percurso no interior do setor hospitalar. O piso plano, em ótimas condições, e as rampas permitem o deslocamento sem tropeços.
Após a reforma, as calçadas do setor hospitalar estão em ótimo estado.
Continuando a caminhada no sentido sul/norte, entre as quadras 515 e 512 Sul foi possível observar como está a acessibilidade das calçadas e como são as travessias. O contraste é grande entre os trechos reformados e os que não passaram por obras. Pode-se constatar que nos locais reformados a acessibilidade está presente, tanto nas calçadas do lado das quadras 500, como no canteiro central.
No entanto, a situação das calçadas do outro lado, nas quadras 700 é desanimador e merece fazer um novo desafio para saber se um cadeirante consegue circular nessas quadras e alcançar as quadras 900.
As travessias merecem atenção das autoridades, tanto as no sentido sul/norte, quanto as travessias entre as quadras 500 e 700. Há travessias no sentido norte/sul sem faixa e a velocidade dos motoristas é alta na conversão. Entre a 500 e a 700 nem sempre a travessia é direta (a 512 Sul está bem sinalizada e se atravessa sem ziguezagues), em alguns pontos faltam rampas (por exemplo, na 513 Sul) e a chegada ao lado 700 é dificultada pelo estado das calçadas (em alguns pontos, não há pavimentação, apenas área gramada).
Diferença nos locais de travessia: com obstáculos na 513 e acessível na 512 Sul.
Dificuldade na travessia: falta de faixa e alta velocidade na conversão.
Na 513 Sul, área gramada no lado 700 impede o acesso de cadeirantes.
Outro ponto que merece destaque é a abertura da W3 Sul para as pessoas aos domingos e feriados. Desde 11 de junho, a avenida fica aberta para o lazer, a exemplo do que ocorre no Eixão. Muitas pessoas aproveitam, famílias caminham e pedalam juntas, cadeirantes também usufruem das pistas tradicionalmente ocupadas por carros e ônibus. A tranquilidade é tanta que se podem ouvir os passarinhos e apreciar com calma e vegetação exuberante ao longo da avenida.
Domingo na W3 Sul: tranquilidade ao som dos passarinhos.
Esse foi o primeiro teste de acessibilidade em parceria. Esperamos fazer outros testes por Brasília. Acreditamos numa cidade humanizada e inclusiva, em que as pessoas se desloquem sem dificuldade e sem obstáculos. Uma cidade acessível é boa para todos!
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Com o reforço da Maria Lúcia, criamos nova seção no blog com foco na acessibilidade: https://brasiliaparapessoas.wordpress.com/olhar-acessivel/
VÍDEOS:
Os dois vídeos foram gravados na W3 Sul. O primeiro registra o teste de acessibilidade que fizemos na avenida – Maria Lúcia no triciclo elétrico e Uirá Lourenço na bicicleta. O segundo mostra o percurso de bicicleta pela parte central arborizada da W3, com grande potencial como calçadão a ser utilizado por pedestres e ciclistas.