Texto e fotos: Uirá Lourenço
Me mudei para Brasília em 2005. Já usava bicicleta como meio de transporte e decidi manter o hábito. As vias largas, de alta velocidade, e a falta de ciclovias (que só começaram a ser construídas anos mais tarde) não me intimidaram.
Trabalhei no Ministério do Meio Ambiente (MMA) e parava a bike no espaço singelo (descoberto, do lado de fora) e pouco utilizado. O amplo estacionamento de carros era bem mais disputado entre os servidores. Apesar de estar num órgão ambiental, era estranho chegar num veículo não poluente.
Próximo ao MMA, espaço para bicicletas e estacionamento cheio de carros.
Foi nessa época que passei a pedalar com roupa normal de trabalho. No início ia de bermuda e levava a calça na mochila para trocar. Ao ser barrado na portaria algumas vezes, sem poder ir de bermuda até o banheiro próximo (no térreo), decidi que seria mais prático já sair de casa com a vestimenta de trabalho.
Quando mudei de órgão, do MMA para a Câmara Legislativa (CLDF), continuei firme na bike. O trajeto pela Asa Norte era tranquilo e o estacionamento de carros era bem disputado entre servidores e visitantes. Cheguei a ir algumas vezes de ônibus, mas havia poucas linhas e o trajeto era bem mais demorado. Mesmo sem vagas próprias para bicicletas eu me virava bem. O bicicletário improvisado ficava bem perto da minha sala.
No antigo prédio da CLDF, minha bicicleta estacionada e o ponto de ônibus precário.
Felizmente alguns caminhos pela cidade melhoraram. Na Asa Norte, na via W4 por onde passava com frequência, a ciclovia começou a ser construída em 2012. O caminho arborizado no canteiro central atrai muitos pedestres e ciclistas, que se deslocam ou usam o espaço por lazer e esporte. Outras ciclovias começaram a sair do papel nessa época, como a da L2 Norte.
Ciclovias em obras (2012) na Asa Norte: W4 e L2.
Resolvi contar um pouco como iniciei minha relação com Brasília e com a bike. As árvores frondosas, as aves e o horizonte livre me encantavam e continuam alegrando o trajeto. Nesses quase 18 anos na cidade, a bicicleta me possibilitou conhecer muitos lugares e muitas pessoas, além dos vários outros benefícios por conta de ser um veículo ágil, prático, saudável e econômico.