Texto e fotos: Uirá Lourenço
Ontem, enquanto pedalava e passava pelos inúmeros bloqueios no caminho, ocorreu algo curioso.
Ao passar pela W3 (504 Norte), próximo a um cartório e a uma agência bancária, tirei foto da rampa bloqueada. Como ocorre diariamente, as calçadas e rampas do local viram estacionamento.
A motorista estava no carro e ficou incomodada por eu ter tirado foto da infração. Continuei meu trajeto e ela me seguiu. Parei no supermercado, fiz compras e acomodei as sacolas na bicicleta. De repente, surge a motorista para tirar satisfação.
Transcrevo abaixo o diálogo entre nós dois.
[Ela] – Por que você tirou foto minha?
[Eu] – Não tirei foto sua. Tirei foto do seu carro, que estava bloqueando a rampa. Foi você que tirou foto minha (ela tirou foto após eu registrar o carro estacionado).
[Ela] – Mas o carro é minha propriedade, você não pode tirar foto. Exijo que você apague.
Já liguei para a polícia e eles estão vindo. Passei sua foto para eles. A coisa tá preta para você.
[Eu] – Tudo bem. Estou aqui e aguardo os policiais. Você disse a eles que estava estacionada bloqueando a rampa?
{Silêncio}
[Ela] – Apaga as minhas fotos.
[Eu] – Apago as fotos se você prometer que não vai mais parar bloqueando o caminho dos pedestres.
[Ela] – Você sabe o que eu estava fazendo lá? Estava esperando minha avó, que foi ao banco.
[Eu] – Isso lhe dá o direito de estacionar bloqueando o caminho dos pedestres?
{Silêncio}
[Ela] – Você é policial ou agente do Detran?
[Eu] – Não, sou cidadão e fico incomodado com os bloqueios. Você deveria pensar nos cadeirantes e nos idosos, nas pessoas com a idade da sua avó que precisam passar pela rampa.
[Ela] – Para você saber, já tem outro carro lá estacionado na rampa. Vai lá tirar foto.
Enquanto ela ia embora, percebi que estava estacionada em local proibido.
[Eu] – Você parou em local proibido de novo!
[Ela] – Aproveita e tira uma foto (fez pose para eu tirar foto).
[Eu] – Não, já tenho registro suficiente.
Não apaguei a foto, mas coloquei tarja na placa na esperança de que ela vai parar de bloquear o caminho.
As “vagas” nas duas rampas e nas calçadas próximas são as mais disputadas. Confirmando o que disse a motorista, basta sair um carro e não demora muito para outro já ocupar a “vaga”.
“Vagas” concorridas na W3 (504 Norte). Em respeito ao direito de imagem (do carro), nenhuma placa está visível.
A pedido do Detran e da Secretaria de Mobilidade, realizei levantamento fotográfico de áreas críticas de estacionamento irregular. As rampas na 504 Norte entraram no levantamento. Infelizmente, não houve qualquer providência para coibir as infrações diárias nos locais.
É necessário porte atlético para caminhar e pedalar na capital federal. Além das crateras e da falta de continuidade de calçadas e ciclovias, os obstáculos (carros) no caminho exigem bom vigor físico.
VÍDEOS:
– Pedestres atletas na Asa Norte (W3)
– Pedestres em apuros na capital federal (1 minuto)