Texto e fotos: Uirá Lourenço
Andar pela área central de Brasília é desafiador. Apesar da fama de cidade moderna, as crateras e os obstáculos no caminho revelam uma cidade antiquada, que prioriza o fluxo de carros e deixa os pedestres em estado de abandono.
Nos arredores da rodoviária do Plano Piloto, por onde passam milhares de pessoas todos os dias, há muitas crateras. No período de chuvas, o caminho se torna um lamaçal.
Estado de total inacessibilidade na Esplanada dos Ministérios.
Como justificar a ausência de rampas em plena Esplanada dos Ministérios, ao lado dos principais pontos turísticos?
No caminho até a Catedral de Brasília, calçadas destruídas e sem rampas.
Na plataforma superior da rodoviária do Plano Piloto é interessante notar a péssima distribuição do espaço urbano. Na frente do Conjunto Nacional, um bolsão de estacionamento gratuito totalmente tomado por carros e calçadas estreitas, sem rampas de acessibilidade e destruídas.
Pedestres obrigados a andar na rua e excesso de carros na frente do Conjunto Nacional.
Cadeirantes, cegos e pessoas com mobilidade reduzida precisam de ajuda para transpor os inúmeros obstáculos no caminho. As crateras e a falta de piso tátil e de rampas impedem que a locomoção se dê de forma autônoma. Situação bem diferente do que a prevista em lei.
Pessoas com deficiência precisam de ajuda para andar pela rodoviária do Plano Piloto.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Federal n° 13.146/2015) assegura muitos direitos à pessoa com deficiência, incluindo o direito à mobilidade:
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social.
A Esplanada dos Ministérios, no centro da capital federal, deveria ser vitrine da mobilidade e acessibilidade e servir de referência para outras cidades. Mas acaba sendo a síntese da inacessibilidade vergonhosa observada nas cidades brasileiras. Se nossas autoridades caminhassem – e tropeçassem – pela cidade, a situação não tardaria a melhorar.
VÍDEOS SOBRE PEDESTRES EM BRASÍLIA:
– Esplanada dos Ministérios: inacessibilidade vergonhosa em Brasília
– Trajeto com cegos na área central de Brasília
– Caminhada e conversa sobre Brasília com participantes do EREA
– Pedestres no entorno do UniCEUB: conversa com senhor caminhante