Brasilia Para Pessoas

20
novembro
Publicado por Brasília no dia 20 de novembro de 2024

No segundo texto da série sobre as transformações da cidade, imagens (fotos e street view) da Estrada Parque Aeroporto (EPAR), que também passou por obras viárias.

Texto e fotos: Uirá Lourenço

Obras na EPAR (Novembro/2021).

A Estrada Parque Aeroporto fica na parte sul de Brasília e liga a Asa Sul à região do Aeroporto. A via passou por obras em dois momentos. Em 2013, no governo de Agnelo Queiroz, houve a ampliação da via e a construção da faixa central do BRT Sul (sigla que se refere a transporte rápido por ônibus), que vem de Santa Maria e do Gama.

De positivo, o corredor central para os ônibus. Mas a um alto custo ambiental: retirada completa do canteiro central arborizado e grande impermeabilização.

As imagens mostram a mudança ao longo dos anos:

Street View, Agosto/2012.

Street View, Setembro/2014.

As placas do Governo do Distrito Federal (GDF) à época informavam sobre a obra de Ampliação e Modernização. Com custo inicial previsto superior a R$ 43 milhões, haveria ‘aumento da capacidade de tráfego e implantação de vias marginais’.

Fotos de Janeiro/2013 (esquerda) e Fevereiro/2014 (direita).

As fotos mostram como era antes – com o belo canteiro central com árvores frondosas – e como ficou após as obras, com o canteiro suprimido.

Foto de janeiro/2013.

Foto de fevereiro/2014.

Com base nas imagens da transformação, poderia se renomear para Estrada Aeroporto (EAR). Afinal, a EPAR deixou de ser uma Estrada Parque.

Posteriormente, no governo de Ibaneis Rocha, a via passou por outra obra de ampliação. Segundo a notícia do GDF de abril/2022, 100 mil motoristas seriam beneficiados. O governador afirmou: ‘Essa região concentra um grande fluxo de veículos do Lago Sul, Park Way, Gama e Entorno, e agora nós ampliamos a via para dar mais conforto aos motoristas.’

Notícia sobre a obra na EPAR. Fonte: Agência Brasília, Abril/2022.

Ao custo inicial de R$ 12 milhões, mais duas faixas para os motoristas foram construídas em cada sentido. As imagens abaixo mostram mais essa grande transformação.

Street View, Junho/2019.

Street View, Agosto/2021.

Street View, Junho/2024.

Foto de novembro/2021.

Foto de maio/2022.

Nota-se nas imagens a grande extensão lateral de área verde que foi convertida em pistas. Um ambiente árido, com mais asfalto e menos sombra. Passar a pé ou de bicicleta é desafiador, não só pelo desconforto térmico, mas também pela insegurança. O limite de velocidade é altíssimo (80 km/h) e a ciclovia construída nessa última obra, como é padrão por essas bandas, não se conecta com outros caminhos.

No final do Eixão Sul, o risco é significativo, especialmente aos domingos e feriados. O número de pessoas que usa a bike por esporte ou lazer aumenta, mas o acesso ao Eixão do Lazer se dá em meio aos carros, sem ponto seguro de travessia para quem vem pela EPAR. Alguns pontos de interesse ficam perto da EPAR, como o zoológico e o terminal da Asa Sul, mas não existe caminho seguro de acesso para pedestres e ciclistas.

Ciclistas em alto risco no final da Asa Sul, em dia de Eixão do Lazer.

Outro ponto que eu destacaria é a desproporção no uso do espaço viário. Apesar de o transporte coletivo levar muito mais gente, ser mais eficiente e em tese prioritário (a Política Nacional de Mobilidade Urbana e leis distritais estabelecem a prioridade), na prática fica reservada apenas uma faixa para os ônibus (corredor do BRT), outras cinco faixas em cada sentido são para carros e motos. Com o detalhe de que apenas as linhas expressas circulam pelo corredor, as linhas ‘normais’ de ônibus disputam espaço com o automóvel.

Existe um projeto antigo de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), anunciado no governo Arruda como preparativo para a Copa de 2014 (Brasília foi uma das cidades-sede), que faria a ligação entre a W3 Sul e o aeroporto. A proposta acabou não saindo do papel (sobrou um esqueleto metálico da obra interrompida no final da Asa Sul – foto) e é mais uma evidência de que a capital federal continua apostando no rodoviarismo caro e poluente, ao ampliar pistas e beneficiar motoristas, em vez de priorizar e investir no transporte coletivo de qualidade.

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Em maio de 2022, após a conclusão da obra na EPAR, escrevi texto com as impressões ao passar de bicicleta na região. Era um domingo com Eixão do Lazer, com menos dificuldade de acesso. Eis o link: https://brasiliaparapessoas.org/2022/05/17/rodoviarismo-estrada-parque-aeroporto-epar/

VÍDEOS

Dois vídeos mostram a região da Estrada Parque Aeroporto. Um de 2013, ainda com o canteiro central arborizado. O de 2022, sem o canteiro e com as pistas adicionais para o fluxo motorizado.



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Uirá Uirá Lourenço
Morador de Brasília, servidor público, ambientalista e admirador da natureza, Uirá é um batalhador incansável pela melhoria das condições de mobilidade na capital federal. Usa a bicicleta no dia a dia há mais de 25 anos e, por opção, não tem carro. A família toda pedala, caminha e usa transporte coletivo. Tem como paixão e hobby a análise da mobilidade urbana, com foco nos modos saudáveis e coletivos de transporte. Com duas câmeras e o olhar sempre atento, registra a mobilidade em Brasília e nas cidades por onde passa, no Brasil e em outros países. O acervo de imagens (fotos e vídeos), os artigos e estudos produzidos são divulgados e compartilhados com gestores públicos e técnicos, na busca de um modelo mais humano e saudável de cidade. É voluntário da rede Bike Anjo, colaborador do Mobilize e membro da Rede Urbanidade.
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