Neste mês, o Acessibilidade sobre Rodas aborda um tema bem polêmico: o estado das ciclovias e ciclofaixas, tanto da cidade, quanto pelo País afora. São Paulo tem quase 490 km de vias cicláveis, em todas as regiões, mas a extensão ainda é pequena se comparada com os 17.000 km de ruas e avenidas existentes na cidade.
Ainda faltam muitos pontos e conexões para que a cidade tenha uma rede cicloviária, se possível integrada com o transporte público de massa. Desta forma, as pessoas poderiam fazer parte de seus deslocamentos a pé, parte de metrô e ônibus e completar as viagens com bicicletas.
Outro ponto importante é a falta de um verdadeiro sistema de bicicletas compartilhadas, que atenda a toda a cidade, com preços adequados para a renda da população. A capital paulista já conta com algumas operadoras de bicicletas, mas a oferta desse serviço ficou restrita a uma pequena área, no eixo da Avenida Faria Lima. Nesse trecho da cidade sobram bicicletas laranja, amarelas e vermelhas, além dos patinetes elétricos (que também estão gerando polêmicas sobre o aspecto de segurança), mas tudo concentrado na região mais rica de São Paulo. Caberia à Prefeitura a tarefa de estimular essa expansão, o que certamente ajudaria na disseminação da bicicleta como um verdadeiro veículo de transporte.
E, o mais importante seria a melhoria das condições de segurança de trânsito na cidade, de forma a reduzir acidentes com ciclistas. Notícia divulgada nesta semana pelo sistema estadual Infosiga indica um aumento de 200% nas mortes de ciclistas no último ano. Então, além de ampliar e melhorar a qualidade das ciclovias, cabe à Companhia de Engenharia de Tráfego um trabalho de educação dos motoristas e ciclistas para a pacificação das relações no trânsito.
Eu que sou cadeirante enfrento dificuldades frequentes nas ruas e gostaria de poder contar com um pouco mais de compreensão por parte de quem dirige ou pedala na cidade. A mesma coisa vale para as pessoas idosas, população que está em crescimento aqui no Brasil.
O uso de bicicletas tem crescido em cidades de todo o Brasil, a começar por Curitiba, que foi a pioneira na implantação de ciclovias. Curitiba é uma “cidade modelo”, e isso fica evidente para quem pedala por lá: a cidade tem as chamadas “zonas calmas”, onde a velocidade do tráfego é limitada a 30 km/h, permitindo que as bicicletas sejam utilizadas com mais tranquilidade.
Em Salvador, também tem aumentado o número de ciclofaixas. A prefeitura da capital, assim como em outras cidades baianas, tem investido na expansão dos trajetos voltados aos ciclistas. Atualmente já são 12 ciclovias e 9 ciclofaixas, somando mais de 50 km de circuito cicloviário. Em Recife a ciclofaixa é 100% aprovada por seus usuários. E Fortaleza, que tem sido apontada como a nova cidade de referência em mobilidade urbana, também possui ciclofaixas em bom estado.
Tem que haver menos trânsito e mais respeito com a população, para que todos possam caminhar e contemplar as belezas de sua cidade. Devemos lutar por mais interação e uma maior e melhor caminhabilidade e “pedabilidade” nas cidades.