Emissão de CO2 de carros e motos cresce 192% no Brasil, diz pesquisa

No mesmo período (de 1994 a 2014), caiu o número de pessoas que usam transporte público

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Fonte: Época  |  Autor: Bruno Calixto  |  Postado em: 23 de setembro de 2016

Cena do filme Bikes vs Carros, do diretor sueco Fr

Cena do filme Bikes vs Carros, do diretor Fredrik Gertten

créditos: Reprodução

 

As emissões de gases de efeito estufa de carros e motos aumentaram no Brasil nas últimas duas décadas – um crescimento de 192% entre 1994 e 2014. Os números são de um relatório elaborado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), com base nos dados do Sistema de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg), e divulgado pelo site da revista Época. 

 

A emissão descontrolada de gases de efeito estufa é a principal causa do aquecimento global, provocando mudanças no clima, como secas extremas e tempestades. O Brasil se comprometeu, no Acordo de Paris, a reduzir 43% das emissões até 2030.

 

Historicamente, o perfil de emissões do Brasil é diferente do de países desenvolvidos ou nações emergentes. Nesses, as principais fontes de emissão são os setores de energia e transporte, enquanto por aqui o desmatamento de nossas florestas figura como nossa maior contribuição para o descontrole do clima mundial. Essa tendência começou a mudar nos últimos anos. O Brasil conseguiu uma redução expressiva no desmatamento na Amazônia – e graças a ela conseguirá cumprir suas metas do Acordo de Paris. Mas, ao mesmo tempo, as emissões de energia e transportes aumentaram.

 

Emissões em alta

Segundo o estudo, a emissão dos transportes aumenta 5,6% por ano em média, todos os anos, atingindo a marca de 220,5 milhões de toneladas de CO2 em 2014. Metade dessas emissões é de responsabilidade do setor de transporte de cargas. Só para ter uma ideia, isso representa mais do que todas as usinas termelétricas brasileiras. Uma mudança no modal de transportes, com mais ferrovias para escoamento de produção, pode reduzir as emissões nesse setor. 

 

Mas o setor do transporte de passageiros também tem grande relevância no aumento de emissões. Isso acontece por conta do aumento da intensidade do uso do automóvel, como mostrado no gráfico abaixo. 

 

Evolução da intensidade do uso de automóveis, motocicletas e ônibus (Foto: Reprodução)Foto: Reprodução

 

Outros fatores pioraram esse quadro. Um deles foi a queda brusca da competitividade do etanol, combustível mais limpo que a gasolina. A participação do etanol no transporte caiu de 33,2%, em 2009, para 26%, em 2014. Outro é a queda da utilização do transporte público nas cidades brasileiras. O estudo usa dados da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (ANTP), que mostram que o número de passageiros que utilizam ônibus caiu 20% nas últimas duas décadas.

 

Renovação da frota e incentivo ao transporte púlbico

O relatório apresenta duas recomendações para o Brasil enfrentar o problema das emissões no transporte de passageiros – e conseguir um desenvolvimento mais sustentável e de baixa emissão de carbono nas cidades. A primeira é incentivar a inovação tecnológica na frota, já que veículos mais modernos poluem menos. A segunda é apresentar iniciativas de mobilidade urbana nas grandes cidades, incentivando o transporte público e o uso racional do carro.

 

A maior parte dessas tarefas cabe aos municípios. Por isso, em época de eleições para prefeito, é crucial que eleitores fiquem atento às propostas apresentadas pelos candidatos. 

 

Na esfera federal, também há iniciativas que podem aumentar a emissão de CO2 dos carros, como o projeto de lei que libera os veículos a passeio movidos por diesel. O projeto do diesel enfrenta forte oposição do Ministério do Meio Ambiente.

 

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